terça-feira, 15 de janeiro de 2013

AGENDANDO SONHOS





Não sei que destino dar às minhas agendas vencidas. Capas tão bonitas, penso em reaproveitá-las, mas falta tempo e habilidade.
Abro uma e outra, e o que vejo é que logo a partir do primeiro mês do ano, com relatos tipo diário, elas vão ficando em branco...
Admiro quem consegue chegar até dezembro preenchendo-as. É o caso de uma amiga minha, a Gasparina. Página por página, linha por linha, sua letra bonita  está em todas, marcando compromissos importantes.
Secretárias de autoridades, recepcionistas de escritórios e consultórios também as mantêm ocupadas, bem como a minha manicure e os cabeleireiros mais procurados. É uma vitória a gente poder encaixar-se num intervalo!
Cada ano eu tive a preocupação de adquirir uma nova para não esquecer datas importantes, reuniões, aniversários. Agora já não me atraem nas prateleiras de livrarias. Sei que passo sem elas. Minhas intenções, eu as guardo na cabeça e no coração.
Certo dia, numa reunião de senhoras da minha época, uma octogenária falava de seus planos para quando completar noventa anos. Quer comprar uma casa e sair do apartamento. Deseja um pátio, jardim, vizinhos visíveis com quem conversar sobre o muro. Outra sonha em fazer uma viagem além mar. Antes, sentia medo da travessia do oceano. Agora, tudo é lucro, aconteça o que acontecer com o avião. Minha colega de academia quer encontrar um parceiro de bom humor para acompanhá-la nos bailes de idosos e nas viagens a estações de água. Que tenha habilitação de motorista e seja bom nas estradas. Se regular de idade com ela, vai ser meio difícil essa última exigência. Mas pode ser que consiga!...
Fiquei pensando o que colocaria nas agendas dos próximos anos, além de programar muita festa de aniversários, casamentos, formaturas de meus filhos e netos. E visitas para fazer-lhes ou receber, bem realizados e felizes. E para mim?  Cuidar da saúde, com marcação de consultas e exames médicos e com data e momento especial  tratar de editar o livro tão sonhado. Já tenho material suficiente, muitas e muitas crônicas. E até contos em menor número. Falta organizá-los.  E buscar uma editora que o aceite, é claro. Minha agenda vai ficar cheia.
 Meus votos, neste início de ano, é que não falte a ninguém, especialmente familiares e amigos, muito assunto interessante para colocar na sua agenda. Que sobrem razões de agendarem datas de eventos felizes, que não fiquem só no papel. Mas se realizem plenamente para a felicidade de todos nós, neste mundo de Deus.

domingo, 13 de janeiro de 2013

FOI BEM DIFERENTE




A mesma árvore de Natal, com os enfeites guardados durante o resto do ano no mesmo lugar. As mesmas pessoas queridas em torno da mesa com o tradicional peru. Os presentes, as surpresas, os abraços... Mas a data chegou tão de repente, não deu para sentir aquela emoção ao ouvir “Noite Feliz”. As lojas locais não apresentaram músicas natalinas, para enternecer os fregueses, e na igreja as canções tradicionais lembrando o Menino Jesus foram pouco entoadas. Músicas novas, sem uma história...
Foi como uma tempestade que desabou de repente e assim se afastou.
O novo ano surgiu sem a expectativa de uma folha em branco pronta para colher novos fatos. E de fim aos problemas enfrentados no ano que passou. A impressão foi que faltou um fecho, muita coisa  não se completou.
Acho que o eixo da terra está girando rápido demais. As vinte e quatro horas de um dia não têm mais aquele espaço para tudo o que se quer fazer. Ou será a idade que está avançando?
Penso em um lugar apropriado para recarregar a energia. As praias estão lotadas e barulhentas. O campo é um sonho distante -  uma saudade do sítio do Dindo. Sou urbana, e meus familiares também.
Outro dia, dando um trato nos tapetes do carro que estava lavando, senti-me na pele de alguma ancestral cuidando dos arreios de seu cavalo. Os mesmos movimentos, o mesmo zelo por sua “montaria” – meio de transporte da época. Memória atávica. Dois séculos se passaram desde que a família abandonou a fazenda. Não sobrou nenhuma chacrinha...
Hoje, saindo da cidade, gosto de admirar um trecho que aparece de repente atrás de uma curva acentuada: dali se vê um horizonte de cento e oitenta graus. Seria de trezentos e sessenta se tivéssemos pescoço de coruja. Sempre que passo por ali me arrependo de não ter uma câmera à mão para uma foto, pois a paisagem é esplêndida. E eu lembro do que ouvi, ou li, tempos atrás sobre um alemão que se encantava com nossas amplitudes e costumava parar o automóvel para, segundo costumava dizer, “tomar bebedeiras de horizonte.” O trecho dá uma sensação de liberdade, e a gente respira com gosto aquele ar, alegrando os olhos com o verde dos pastos e plantações e o ondular das serras que “azulam no horizonte”.
O ano está apenas começando, e eu já vou “emplacar” amanhã, soprando mais uma velinha do bolo. Deus seja louvado!