O inverno chegou com a cara dele - chuva, cerração, frio. E na hora certa. Bem
como o outono deste ano que foi só amanhecer o primeiro dia da estação, e as
temperaturas ficaram amenas, as copas das árvores foram-se desfolhando, as
folhas ficando amarelas e algumas bem vermelhas, dando um colorido bonito às
nossas praças.
Fiquei me lembrando do prazer que sentia na infância em acompanhar minha
mãe à loja de seu Juanico. Lá ela comprava pelúcias e fustão para os nossos
pijamas de inverno. Eles tinham figuras de bichinhos que proporcionavam
momentos bem divertidos ao admirá-los.
Desde então, as estações tiveram muitas variantes, fazendo calor no
inverno e frio nos dias de Natal. Mas agora parece que se comportaram,
obedecendo aos velhos padrões.
O que tem mudado e muito são os tecidos de inverno. Há tantos nomes
estranhos, geralmente em inglês, apresentando os conjuntos de blusa e
casaquinho que têm sido a moda atual. E o couro das jaquetas passou a ser
sintético, em nome da proteção aos animais. Peles, nem pensar. Nota dez aos
casacões de nylon de agora - os parkás - que são verdadeiros blindados protegendo-nos
do frio. É só puxar o zíper, e nenhum arzinho manhoso penetra. E são leves,
diferentes dos pesados casacos de antigamente. Para complementá-los, as mantas
leves ou de lã para proteger o rosto.
Antes da moda da calça comprida e da “licença” para as mulheres usá-la,
ainda no meu tempo de estudante, lembro-me que as pernas ficavam desprotegidas,
até que surgiu a moda da meia americana que ia até um pouco abaixo do joelho. então era só o carpim, hoje soquete,
protegendo apenas os pés. E a vida era bela, a gente se animava a sair à noite
para assistir ao cinema ou a algum torneio de vôlei ou de basquete, na escola
ou na praça central. Ainda bem que os jovens estarão sempre aí para enfrentar
as intempéries com o calor de seu entusiasmo e fazer a vida continuar a ser
vivida.
Quem falou que a juventude de hoje está alienada teve de voltar atrás
diante dos últimos acontecimentos. Cara pintada do fim da ditadura é “café
pequeno” comparada com as movimentações de agora nas capitais e cidades
brasileiras. Dá medo, mas as coisas erradas das altas esferas levaram a isso. A
revolta íntima foi crescendo, crescendo até explodir.
Estamos na raia, os idosos e aposentados, mas isso não quer dizer que nos
acomodamos. No mínimo estamos rezando para que surjam líderes patrióticos e
altruístas que pensem em assegurar o bem comum. Livrando-nos da ganância de
políticos que representam o povo, mas só pensam em usufruir vantagens. Não dá
mais para dormir tranquilo quando sabemos que estamos sendo governados por
gente que deveria estar na cadeia, tais os descalabros praticados.
Devem aparecer alguns Tiradentes, mas que não sejam martirizados, pelo
contrário. Que sejam seguidos e que nossa pátria volte a viver dias tranqüilos
de paz, fartura e bem estar. Amém.