sexta-feira, 11 de outubro de 2013

BAILES DE OUTROS TEMPOS





Como tudo acontece no mundo, os bailes também têm seu prazo de validade na vida da gente. Cinco, dez anos, não mais do que isso. Depois perdem o encanto, as músicas são outras, e as circunstâncias também.
As músicas de “meus” tempos eram os tangos, boleros, às vezes alguma valsa. E o samba e a marchinha nos carnavais.  Precisavam acertar os passos, dois p´rá cá, um prá lá na valsa. No bolero, dois para um lado, dois para o outro. O tango era mais complicado. Passos para a frente e para trás e uns volteios que só os bem entendidos conseguiam acertar. Um espetáculo!
Os bailes, então, imperavam como acontecimentos muito importantes.  Quando mal surgia a TV – as imagens distorcidas, branco e preto, precisando sempre de uma correção, não interessavam os jovens – Internet nem pensar!  De mídia, só o rádio é que existia.
Portanto, as ocasiões para encontros de jovens eram raras. Para os mais tímidos, os namoros resumiam-se em  flirt (só de olhares), ao passarem um pelo outro na rua ou em festas da igreja. Os bailes, sim, podiam aproximar os namorados que então conversavam e se entendiam para os próximos encontros. Muitos casamentos foram alinhavados nessas  oportunidades, e muitos casais, mesmo depois das Bodas de Prata costumavam dançar no aniversário do Clube para lembrar...
A cidade se animava quando um baile era anunciado. Pode-se dizer que os dançarinos viviam no antes, no agora e no depois. Primeiro, nos preparativos, as moças providenciando vestidos, enfeites, cuidados com os cabelos, a pele, as unhas. Os rapazes, menos complicados, precisavam escovar o terno, rever as condições da camisa, pedir emprestada uma gravata, engraxar os sapatos, um bom corte de cabelo e não esquecer a brilhantina para domá-lo. Ensaiar um bom sorriso e pronto.
Clube feericamente iluminado e de portas e janelas abertas, a orquestra lançando seus primeiros acordes, os participantes iam chegando emocionados ao salão. Os rapazes costumavam ficar logo na entrada, e as mocinhas com seus pais ou responsáveis geralmente iam para as mesas previamente reservadas. E o moço tinha de atravessar o salão para convidar sua escolhida para dançar. Enlaçava o par pela cintura, e ela colocava uma das mãos no seu ombro, enquanto com a outra ficavam de mãos dadas. Os pés é que se mexiam, nada de gingados de cintura e quadris como acontece hoje.
Sempre o número de rapazes era bem menor que o das moças, e o terror dessas era fazer “crochê” a noite toda, isto é, ficar sem dançar nenhuma marca.
A noite prosseguia cheia de emoções até que a orquestra tocava a música final, sua característica. Quem estava feliz e realizado pedia mais, e os músicos atendiam sorrindo a seu desejo.
Dias depois, o assunto ainda era o baile. Namoros iniciados ou interrompidos, histórias de traições - amigas que tomavam o par de outras - mas geralmente tudo era alegria ao recordar aquela noite mágica que balançou aquelas vidinhas pacatas e deixou muitas  promessas no ar.