A queixa tem sido geral - pelo menos entre as pessoas da minha idade:
este ano está passando muito rápido. Folheando as páginas da agenda 2014,
quanta coisa já vivemos! Os calores abrasantes dos meses de verão! Se
continuassem por muito tempo ainda, não sei se resistiríamos. Depois, o outono.
Tão certinho! Chegou na data exata com aquele ar fresquinho gostoso que dava
vontade de caminhar, agir, movimentar o
corpo que ficara bem preguiçoso nos dias
de calor. Deu para usar as roupas de meia estação que estavam mofando nos
armários.
O inverno com os efeitos do El Nino
teve seus dias de luto. Mortes, previstas algumas, outras inesperadas, de
acidentes, pessoas jovens... E idosos queridos que a gente não queria nunca que
nos deixassem.
Mesmo assim, devemos agradecer pela sua passagem entre nós e a esperança
de que um dia nos encontraremos de novo.
Ao mesmo tempo a vida ficou mais rica com o nascimento de novas
criaturinhas que vêm alegrar nossos lares. Tanta criancinha linda e saudável,
graças a Deus.
Nos campos, o gado engordando, os trigais amadurecendo, o arroz colhido.
Nos Supermercados, as gôndolas repletas de produtos agrícolas. Preços subindo,
mas não falta nada.
Somos sobreviventes de um ano tumultuado por crises de corrupção que irrompem
onde menos se espera. A começar pelas fraudes do leite e de outros alimentos,
tudo em nome do maior lucro, ainda que à custa de vidas preciosas. Bendita hora
em que voltei ao meu leiteiro particular. Ali não tem erro, o produto é puro e
saudável.
Superado nosso espanto com o escândalo do Mensalão – e a prisão dos
colarinhos brancos – eis que denúncias escabrosas denigrem a imagem de nosso
petróleo que nos deu tanta esperança na escalada de país pré-emergente. A nossa
pretensa salvação econômica e social vê seu futuro ameaçado. Os bilhões
surrupiados e escondidos em contas no exterior
poderiam salvar milhões da miséria, da doença, dos males sociais.
Mesmo assim, vibramos com os momentos emocionantes da Copa do Mundo. O
Brasil brilhando como anfitrião. As belezas naturais encantando turistas do
mundo todo. A segurança reforçada que não deixou nada a desejar. Os brasileiros
mostrando sua cordialidade e filosofia de bem viver. Pena que o final foi como
se um grande balão inflado ao máximo explodisse na nossa cara: quantos gols
mesmo? Até me esqueci, ou melhor, varri para baixo do tapete da memória, pois
ela merece melhores recordações.
Mas aqui estamos outra vez: com novas esperanças no Dunga e na querida
seleção. Quem sabe na próxima Copa?
Nossos corações tiveram mais batalhas a enfrentar: as eleições. Dizer que
o povo brasileiro não reage, que a juventude está alienada dos problemas
sociais e políticos, que o “gigante dorme em berço esplêndido”? Que nada! Foram
campanhas quentes, lances inesperados, revelações de cair o queixo. Parece que
um véu caiu e deixou ver muita coisa que está por trás.
Novas graças demos pela consciência do povo brasileiro que acordou. E
pretende continuar atento ao que acontece na vida pública, na distribuição da
renda, na administração do bem comum. Que não torne a dormir.
Enquanto isso, os ipês floriram nos jardins, nas praças e embelezando a
estrada que conduz a nossa cidade. As flores reabriram nos canteiros, os
pássaros fizeram seus ninhos, e os beija-flores surgiram novamente anunciando a
primavera sempre bem-vinda. E que breve se despede.
Nas praças, os jacarandás anunciam que o verão está próximo.
Cordeirinhos e bezerros povoam nossos campos. É hora de tosquiar as
ovelhas.
Timidamente os sinais de Natal se insinuam. E os planos também. Com novas
alegrias, pois Maria Eduarda estará conosco alegrando aqueles olhinhos curiosos
com as luzes da árvore, os enfeites e figuras do Papai Noel e do Menino Jesus.
Seu primeiro Natal deve ficar bem marcado em sua vidinha que ora inicia e que
seja muito feliz.
Só esta expectativa já nos deixa plenamente realizados. Demos graças a
Deus!