Nem bombas nem fogos de artifício. No momento, nada disso acontece, mas o
clima é de expectativas. Tantas águas rolaram, segredos foram revelados, e o
lado sombrio deixou sequelas na alma da gente.
Entretanto, toda crise abre novas alternativas: do desemprego à
descoberta de novas vocações; do desânimo à procura e encontro de outros
caminhos. O importante é viver, mais do que sobreviver.
Quantos executivos que perderam seus cargos no ápice da carreira – seus
altos salários foram os primeiros a serem podados nas empresas empobrecidas –
hoje, sem terno e gravata, mais felizes,
porque patrões de si mesmos, compreenderam tal verdade. Outros profissionais liberais
abandonaram seus diplomas para entregar-se a novos misteres, escolhendo os
setores que mais resistem ao abalo financeiro que enfrentamos, porque
indispensáveis para suprimir as atuais demandas.
Assim, foram surgindo carreiras promissoras na gastronomia, na moda, nos
cuidados com a saúde, e esta com suas atividades preventivas ou corretivas,
como fisioterapia, pilates, academias. Porque sem alimento, sem saúde e sem a
faceirice das mulheres que mantêm os mercados da moda, ninguém gostaria de
viver.
Salas de escritórios foram fechadas em grande número, porque os ocupantes
não puderam mais pagar o aluguel. E retiraram-se para as próprias residências,
continuando seu trabalho pelo computador. Uma salinha na casa, com o
equipamento que não ocupa muito espaço, o problemas ficou resolvido.
Exemplo disso, a publicitária mui querida – Liège -, que editou nosso livro, agora se
sente mais à vontade ao fazer aquilo que
mais lhe agrada : dar largas à imaginação, deixando que as idéias borbulhem sem
olhar o relógio nem preocupar-se em pagar aluguel. Estando no seu apartamento,
sobra-lhe um tempinho para cuidar das flores e dos mimosos animaizinhos. E os
novos clientes não cessam de aparecer. Foi ali que criou sua editora – a
Essência
É hora de introspecção, para cada um conhecer-se e às próprias vocações.
Estas tão esquecidas ultimamente, porque a escolha da profissão recai quase
sempre na mais rendosa, e não a que se ajuste a sua personalidade e aos sonhos
de ser parte positiva na redenção de nosso mundo.
Tenho pena dos bilionários que não acham tempo de acompanhar a infância e
a adolescência dos filhos, no afã de aumentar cada vez sua fortuna. Eles não
devem ter visto ao vivo – talvez só na televisão – a super-lua que nos encantou
nesta semana. Nem ouvido os quero-queros anunciando que a primavera chegou.
Perderam de apreciar o primeiro passo de seu filhinho, a primeira palavra... Pobres
“meninos ricos”! Com tanto dinheiro, e ainda não aprenderam a viver.