Maio, Maria...
Desde criança que os guardo associados nas minhas impressões mais ternas.
Em Cachoeira, a
capelinha do Externato de Jesus Crucificado enfeitada de flores, a imagem da
Virgem no centro do altar. E nas salas de aula, murais com o nome de cada aluno
subindo degraus até chegar à Maria. Como atingir o topo? Comportando-se bem,
estudando, fazendo boas obras, orações, dando bons exemplos.
Minha irmã,
também Maria de maio, a Maria augusta, interrompia sua festinhqa de aniversário
levando consigo as amiguinhas para a bênção do fim da tarde, na capelinha
florida. E eu junto, achando tão lindo: a música, as flores, e principalmente
aquela mulher de branco, o véu azul, com o Menino no colo. Um olhar tão bonito
pousado na gente. Mas era triste. Parece que ela sofria.
O cheirinho do
incenso, velas acesas, a capela cheinha.
A vida foi-me
ensinando quem era aquela mulher, jovem, linda e aqueles olhos tristonhos!
Primeiro, com
minha mãe e as Ave-Marias. O terço diante da imagem, uma vela acesa pedindo a
saúde de alguém.
Veio a
juventude, os sonhos. As músicas que ficaram na lembrança. “Rosa de Maio” uma
delas. O livro de prêmio ganho do professor querido “A Canção de Bernadete”
falando todo dessa mulher admirável – Maria.
Há muitos e
muitos maios eu entendo aquele olhar sofrido de Mãe. Que antevia o futuro
doloroso do Filho. Sabendo que o iria perder.
No entanto, ela
o embala carinhosamente, ensina-o a caminhar, falar, comportar-se. Enxuga suas
lágrimas infantis. Alimenta-o, conta-lhe estórias. Curte sua presença cada
minuto que pode. Até mesmo o repreende, quando não o encontra no lugar
combinado à saída do Templo. Com que dor, imagino.
Quando chega a
hora, deixa-o partir para a vida ...e para a morte. Esperando que a qualquer
momento seja a hora do adeus. E às vezes gozando da alegria de vê-lo retornar
vivo, com os amigos. De poder beijá-lo, dar-lhe o conforto de um lar. E um novo
adeus.
Mães de ontem,
de hoje, de sempre. Novas Marias que se eternizarão neste mundo. Os mesmos
sofrimentos, as mesmas alegrias. Sobretudo, a grande glória de gerar e criar
novas criaturas de Deus.
Maio, Maria!
Ah, seu eu
pudesse retornar àquela capelinha da minha infância! Sentir-me protegida
novamente, olhando aqueles santos nos altares, a Virgem, o Menino. E cantar seus
louvores com as outras crianças,
enquanto o incenso se eleva aos céus e desprende aquele cheirinho tão gostoso!
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