quarta-feira, 1 de maio de 2013

MAIO, MARIA








Maio, Maria... Desde criança que os guardo associados nas minhas impressões mais ternas.
Em Cachoeira, a capelinha do Externato de Jesus Crucificado enfeitada de flores, a imagem da Virgem no centro do altar. E nas salas de aula, murais com o nome de cada aluno subindo degraus até chegar à Maria. Como atingir o topo? Comportando-se bem, estudando, fazendo boas obras, orações, dando bons exemplos.
Minha irmã, também Maria de maio, a Maria augusta, interrompia sua festinhqa de aniversário levando consigo as amiguinhas para a bênção do fim da tarde, na capelinha florida. E eu junto, achando tão lindo: a música, as flores, e principalmente aquela mulher de branco, o véu azul, com o Menino no colo. Um olhar tão bonito pousado na gente. Mas era triste. Parece que ela sofria.
O cheirinho do incenso, velas acesas, a capela cheinha.
A vida foi-me ensinando quem era aquela mulher, jovem, linda e aqueles olhos tristonhos!
Primeiro, com minha mãe e as Ave-Marias. O terço diante da imagem, uma vela acesa pedindo a saúde de alguém.
Veio a juventude, os sonhos. As músicas que ficaram na lembrança. “Rosa de Maio” uma delas. O livro de prêmio ganho do professor querido “A Canção de Bernadete” falando todo dessa mulher admirável – Maria.
Há muitos e muitos maios eu entendo aquele olhar sofrido de Mãe. Que antevia o futuro doloroso do Filho. Sabendo que o iria perder.
No entanto, ela o embala carinhosamente, ensina-o a caminhar, falar, comportar-se. Enxuga suas lágrimas infantis. Alimenta-o, conta-lhe estórias. Curte sua presença cada minuto que pode. Até mesmo o repreende, quando não o encontra no lugar combinado à saída do Templo. Com que dor, imagino.
Quando chega a hora, deixa-o partir para a vida ...e para a morte. Esperando que a qualquer momento seja a hora do adeus. E às vezes gozando da alegria de vê-lo retornar vivo, com os amigos. De poder beijá-lo, dar-lhe o conforto de um lar. E um novo adeus.
Mães de ontem, de hoje, de sempre. Novas Marias que se eternizarão neste mundo. Os mesmos sofrimentos, as mesmas alegrias. Sobretudo, a grande glória de gerar e criar novas criaturas de Deus.
Maio, Maria!
Ah, seu eu pudesse retornar àquela capelinha da minha infância! Sentir-me protegida novamente, olhando aqueles santos nos altares, a Virgem, o Menino. E cantar seus louvores  com as outras crianças, enquanto o incenso se eleva aos céus e desprende aquele cheirinho tão gostoso!

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