Até que enfim encontrei algo que me alegrou em edições de jornal de
segunda-feira. Foi neste último domingo: fotos das torcidas do Grenal
confraternizando sob a tutela do bloco do bairro Medianeira, de Porto Alegre, na
sua “passarela do futebol”. Mais tarde, as câmeras da mídia captaram imagens de
sorridentes torcedores de ambas as facções na maior harmonia. Casais, um
gremista, outra colorada, ou vice-versa, no maior carinho. E um bebê no colo do
pai vestindo uma camisa bicolor, de um lado, vermelha e do outro azul, e a
mamãe ali perto, gremista assumida.
Respeito é bom e faz bem.
O que seria dos torcedores se todos fossem do mesmo time? E não houvesse
um rival? Não haveria o confronto. E a
torcida? Deixaria de torcer, é claro.
As guerras acontecem por divergência de opiniões, de interesses, de
egoísmo. Por falta de respeito ao próximo, às suas origens, maneira de ser, mentalidade
e modo de agir.
O grande filósofo Voltaire
costumava dizer: “Não concordo com o que dizes, mas defendo até a morte o
direito de o dizeres.”
Foi nesse espírito que
se fundamentou a grande revolução francesa. Para defender esse direito de ser
diferente. “Liberté, Égalité, Fraternité”. Mas vacilaram ao ridicularizar os
ídolos do islamismo. Deu no que deu.
Na vida comum, como é
bom encontrar pessoas de respeito, que merecem a nossa confiança e que
respeitam as nossas opiniões, a identidade de cada um, as diferenças.
Estamos no século XXI,
e os preconceitos, em vez de desaparecerem, parece que crescem a cada dia.
Torcedores dos maiores times do país digladiando-se e até matando-se.
Perseguições a homossexuais, a pretos, e agora a muçulmanos aqui radicados que
não têm nada a ver com o terrorismo. Bullying nas escolas e nos locais de
trabalho e de lazer. Todo o mundo precisa ser igual?
Nas estradas e vias
públicas, quantos motoristas embriagados ceifando vidas ou ao menos ameaçando
pessoas inocentes, que não desobedecem às leis de trânsito e são colhidas por
eles. Falta de respeito.
Chegamos a pensar que não
há mais o que fazer. Puro engano. As transformações para um mundo melhor
começam em casa, no trabalho, na sociedade.
Se aquela doméstica
deixasse de colocar o lixo no bueiro ali da esquina; se os passantes evitassem
sujar as ruas com latas, papéis e plásticos de seus lanches atirados fora nas
calçadas... Ao redor de nossa Matriz há um mar desses objetos jogados por
irresponsáveis que não aprenderam a portar-se em via pública. O clima seria melhor.
Ah, se as indústrias
pensassem menos em seus lucros e mais na segurança de seus funcionários,
familiares, e comunidades próximas... E usassem de todas as precauções para
evitar que a tragédia de Mariana trouxesse efeitos tão devastadores à natureza
e à nossa combalida Mãe-Pátria...
Tanta coisa poderia
ser diferente se houvesse respeito. Que tem faltado a nossos representantes nas
suas malfadadas ingerências nos bens públicos; nas leis que só favorecem a eles
e a seus parceiros endinheirados; na condução da política que protege aos
corruptos;
que não resolvem
nada, acabam em pizzas. E as verbas faltando à
Saúde, à educação e à infraestrutura das estradas, dos bens públicos, e vão
beneficiar com auxílio-alimentação, auxílio-moradia à classe que deveria
proteger-nos e julgar os ilícitos?
Tantos escândalos envolvendo
fraudes nos leites e outros alimentos adulterados causando doenças e até a
morte. Remédios vencidos ou falsificados enriquecendo laboratórios e matando
pacientes do SUS.
Tudo porque as consciências adormeceram. Só pensam no seu bem próprio,
sua ganância quer sempre mais.
Quanto desperdício! Prédios públicos inacabados, planos de casa própria
para trabalhadores e moradores de áreas de risco ficando só no papel. Hospitais
sem recursos materiais, financeiros e humanos que cheguem para a demanda.
Escolas desabando ou apresentando perigos para os alunos, e sempre faltando
material didático e motivação para seus professores.
Nada disso aconteceria se houvesse por parte de governantes e governados
o respeito que se deve ao outro, às vidas humanas que precisam de nós, de
nossos cuidados e apreço.
Respeito é bom... e nós merecemos.
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