Tenho saudades da igreja vestida de roxo, nas quaresmas de antigamente.
Agora não há muitas imagens para cobrir. O que vale é sentir que um Deus morreu
por nós e ressuscitou, para mostrar que também renasceremos.
No entanto, dessa forma, o calendário transcorre sem grandes
modificações, e a gente quase não sente a Páscoa acontecer.
Quando a Semana Santa era o único feriadão dos estudantes passado em
casa, tinha outro sabor. Isso digo eu, sem o respaldo dos estudantes de hoje
que todo o fim de semana procuram voltar ao aconchego dos seus. Os atrativos
das cidades grandes sobre a juventude parece que enfraqueceram. Não há solidão maior que a das multidões de
desconhecidos!
Passando por uma vitrine graciosamente decorada com coelhinhos de Páscoa,
fico recordando os ovos de galinha que as mães pintavam para seus filhinhos. Noites
e noites recheando-os com balas e amendoins açucarados que elas mesmas
preparavam. Antegozando a alegria dos
pequenos, e ao mesmo tempo preocupadas em não sobrecarregar o orçamento da família.
Tempos em que cada centavo - ou tostão? - era contado e poupado, diante
das despesas para custear os estudos dos filhos em outras cidades. Assim, as
passagens de ônibus eram usadas apenas para as férias, e não havia ainda o
costume das caronas e do dedo levantado na beira da estrada. Imaginem se agora
alguém vai fazer isso? Os tempos mudaram, o número de carros centuplicou, os
perigos de acidentes e violências também.
Ouvindo uma música daqueles tempos, lembrei meus tempos de estudante e as
vindas de ônibus para as férias. Éramos uma turma alegre que cantava durante o
trajeto, e os demais passageiros não reclamavam. Tínhamos vozes afinadas, e as
canções não eram barulhentas, mas especialmente românticas. Dona Frida Lang batia palmas e pedia bis.
Pessoa querida! Ela nos entendia, conhecia o mundo e as pessoas. Lá de onde ela
veio - Áustria – devia ser comum
cantarem nas ruas. Como no filme Noviça Rebelde, tão lindo, com aquelas paisagens
dos Alpes. Que coisa, estou devaneando e ainda tenho muita coisa para fazer
neste final de manhã.
Desejo que meus leitores e amigos tenham passado uma Páscoa muito feliz.
Diferente de antigamente, mas sempre uma festa de amor e de reencontros
afetivos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário