quarta-feira, 4 de setembro de 2013

AMARRANDO AS PONTAS







Passei por tantas fases na vida – bem longa, com a graça de Deus - que preciso seccioná-las para desfrutar plenamente de suas lembranças. E os reencontros com pessoas dessa ou daquela época ajudam no processo.
É verdade que o mundo gira, está sempre rodando, e nós nessa dança, agora cada vez mais frenética, precisamos apegar-nos a alguma coisa mais sólida para não cair.
Meus livros de cabeceira variavam de acordo com minha própria evolução. Li muito Cronin, nos momentos de idealismo e de fé na humanidade. O personagem de Chaves do Reino, um padre de oitenta anos morando na China na maior pobreza, foi um dos heróis mais cotados. E os médicos ingleses que o autor colocava em localidades humildes, sem grandes recursos a não ser a sua capacidade de acertar pela própria cabeça e senso de humanidade. Lembrei-me deles nos episódios de agora focando médicos cubanos vindo para o Brasil. O que pensar disso? Se me perguntarem na rua, nas pesquisas de opinião, nem sei o que dizer. Certo ou errado?  Na Inglaterra dos tempos de Cronin, os recém formados tinham de passar um tempo no interior, em localidades humildes, para depois terem o direito de ir para as cidades maiores. Assim mesmo, submetendo-se a provas teóricas e práticas e aguardando uma vaga. Era o pagamento pelo estudo em universidade pública. Mas nós somos Brasil, e aqui tudo é diferente, os ricos estudando de graça, e os mais pobres tendo de pagar instituições particulares. E os que podem mais estabelecendo-se nos melhores lugares após a formatura, com os clientes  bem colocados na vida.

Mas não era isso que eu queria falar hoje, e sim nos reencontros que acontecem quando a gente menos espera. As redes sociais – virtuais – facilitam muito. Pessoas que saíram de nosso meio para outros destinos, quantos anos se passaram, e agora reaparecem. Pois este ano de 2013, que para muitos pressagia desastres, trouxe-me uma grata surpresa: o reencontro com minha afilhadinha do coração, aquela que na sua tenra idade tive o privilégio de acolher como filha. Imprevistos nos separaram, muitas lágrimas e saudades. Foram anos e anos de procura, e a Internet ajudou e muito a encontrá-la. Agora nos correspondemos seguidamente, por enquanto de maneira virtual, mas com promessa de uma visita no próximo verão. São pedaços de minha vida que se romperam e agora conseguiram recompor-se. Não inteiramente, pois houve muitas mudanças de parte a parte, mas estou-me esforçando para amarrar as pontas que escaparam e fazer um nó bem forte para que não mais se rompam.  Confio em Deus que me ajude.

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