Considero-me privilegiada. Vivo em dois mundos. Sou do tempo do Repórter
Esso com as notícias da 2ª Guerra Mundial, do Rei da Voz Francisco Carlos, da
capital da república no Rio de Janeiro, das Rainhas do Rádio Emilinha Borba e
Marlene e agora vou festejar o centenário de Lupicínio Rodrigues, que considero
ainda novo, um guri.
Atravessei muitas fases em que as modas eram outras e agora são imitadas
de forma estilizada. Rui Spohr se refere às tendências dos anos 50, 60, 70,
como se fossem muito antigas – mas com todo o respeito – e eu acho que elas
parecem ter acontecido ainda ontem...
Quando me olho no espelho, fico comparando meus sinais de idade com os de
minhas tias faceiras que não se descuidavam dos cremes. Peles muito boas, bem
claras e protegidas do sol. Elas se horrorizavam quando nos viam de volta da
praia bem escurinhas. Tinham razão, ainda mais se considerarmos as deficiências
da camada de ozônio de agora. E dizer que em criança fiz aplicações de
ultravioleta para curar minha anemia.
Neste verão escaldante do mês de dezembro, fico imaginando como as
coitadas suportavam o calor da estação com as roupas que usavam. Nada de
bermudas e camisetas, nem calças jeans. Shortinhos e vestidinhos, nem pensar. Eles
tapavam os joelhos, com mangas até quase a metade do
braço e decote - só nos vestidos de
festa.
Mas o que mais me causa admiração eram os mantôs pretos, de seda pesada
que as tias e avós daquela época usavam. Eram abotoados de cima abaixo com
botões forrados do mesmo tecido, e as alcinhas para fechá-los tinham um
acabamento perfeito. Que trabalheira para vestir ou despir!
Tudo, porém, tem suas compensações, e a gente acostuma logo com os novos
hábitos.
O mundo girou, girou, as maquininhas surgiram, e ninguém escapa de sua
tecnologia. Nem os menos letrados, pois para receberem a aposentadoria têm sua
senha e devem apertar os botões.
Enquanto me familiarizo com a TV de alta fidelidade, os skipes e novos aplicativos do computador
– já apertei botões errados, e só os filhos, netos ou sobrinhos me tiraram dos
apuros – vou bendizendo certas inovações que nos vêm dando uma vida mais
confortável. Ventiladores, ar condicionado, batedeiras e liquidificadores, como
é que nossas avós viviam sem eles? Sem celular, ficando dias e dias esperando
notícias dos filhos! Agora é só clicar e já sabemos onde estão e o que fazem.
Cada dia mais aperfeiçoados e inteligentes.
As vovós de agora deixaram o cesto de costura de lado e se ocupam com o
Notebook. Os botões são outros, mas a
satisfação de conectar-se com o mundo, a vida, as pessoas queridas é mil vezes
maior.
Um Feliz Ano Novo com tudo o que temos direito. Deus nos abençoe.
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