domingo, 1 de março de 2015

TE AMO BRASIL





Amigos me mandam e-mails incríveis de paisagens e cidades do 1º Mundo. Tudo tão certinho! Construções antigas, mas bem conservadas, mostrando os dons artísticos de seus idealizadores. E também seu senso de ordem e respeito ao bem estar dos outros. Ruas limpas, calçamento sem falhas, folhagens nas jarreiras, janelas com floreiras e cortinas esvoaçantes. Nada por terminar, tudo pronto para ser usufruído com prazer. Imagino um piano tocando na tranquilidade de um entardecer de inverno. Uma lareira aquecendo o ambiente que acolhe os moradores chegando do trabalho, da escola, das compras... O cheiro gostoso das panelas no fogão.
Engarrafamentos de trânsito na saída do trabalho, nem pensar. Cachorros soltos nas ruas, lixos espalhando-se nas calçadas, entulhos aguardando dias e dias a sua retirada, filas intermináveis nas paradas de ônibus ou metrô, coisas que para nós são o nosso dia a dia, parece que lá não tem.
E eu que sonhava tudo isso para o Brasil, quando na escola estudava as riquezas sem fim da nossa pátria. O país do futuro...”Tem o ouro, tem petróleo, carbonatos, diamantes, e tem rios caudalosos e cascatas deslumbrantes”... Nosso coro orfeônico cantava sob a batuta da Diná Néri, e nós acreditávamos em tudo aquilo. Que nossas reservas florestais jamais acabariam. Que a força das águas e as reservas de carvão e outros fósseis garantiriam para sempre a energia. Que os trens se aprimorariam até chegarem à altura dos trens-bala do primeiro mundo. Que a borracha, o café, o cacau, o açúcar e outras culturas serviriam de lastro à nossa economia. Que haveria dirigentes honestos e competentes para lidar com a coisa pública e administrar corretamente nossas riquezas.
Quando a televisão mostra as queimadas das florestas, eu mudo de canal. É demais pra mim.
Lembro que eu sonhava com a estrada de ferro chegando a Caçapava.   Diziam que era o nosso relevo que impedia - muitas serras para contornar ou cavar túneis. Mas para as estradas de rodagem isso não foi problema.
Cheguei a fazer a travessia do Guaíba para ir a Porto Alegre. Uma viagem tão gostosa e limpa, sem a poeira das estradas daquela época.
Os trens de carga transportavam nossos produtos. E a navegação fluvial também foi uma esperança. Entretanto, ferrovias ficaram inacabadas, trilhos de trens e de bondes urbanos foram arrancados em nome do progresso. E as rodovias estão chegando ao máximo de sua trafegabilidade. Acidentes todos os dias. Centenas e milhares em perdas de vida. E o petróleo imperando. Gerando conflitos e mesmo guerras sem fim em seu nome. E aqui entre nós, deu no que deu. Caíram as máscaras dos grandes líderes de nossa economia. Bolsos recheados para os mandantes, panela vazia para os que com seu trabalho produzem as riquezas. E a falta de água até na maior metrópole do país! E a consequente crise de energia. Quem vai pagar o prejuízo?
“Eta, mundo velho sem porteira”, como diria um personagem de Érico Veríssimo. Por onde começar a corrigir esses erros?
Enquanto isso, o número de motoristas bêbados ao volante não para de crescer. E vítimas inocentes acontecem com frequência. Dá para pensar: adianta andar certo? Claro que sim. Se cada um fizesse a sua parte como o passarinho no incêndio da floresta, o bom exemplo ajudaria e muito.
Revendo aquelas imagens bonitas dos países de 1º Mundo, e comparando com o desmazelo em que nos encontramos aqui, ainda assim continuo a sentir que jamais gostaria de morar em outro lugar. Pois, diante da atual face do país tão mal vista no mundo, por sua violência, corrupção, alto risco nos empreendimentos e tanta coisa errada, eu ainda sou de opinião de que ele é o melhor país do mundo, onde a gente se sente mais feliz e solidária. Com vontade de ajudar, de pôr band-aid em suas feridas, de confortá-lo dos golpes de seus algozes.
Brasil, terra dos meus amores, dos meus sonhos e esperanças, eu te amo. Ontem, hoje e sempre.


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