A casa de meus amigos numa das praias de Florianópolis é uma graça. De
frente para o mar, no alto de uma colina, goza de uma vista maravilhosa.
O terraço com piscina de águas morninhas até o entardecer ameniza o calor
do verão e o cansaço, depois dos passeios pela ilha. Essa com novidades
interessantes para se descobrir cada dia. Até ostras vendidas à beira do mar,
por preços bem acessíveis. E lojas sem fim com artesanatos variados e gosto
para todos. E as paisagens, meu Deus, que beleza! Inesquecível o dia passado na
Lagoa da Conceição e o almoço no restaurante sobre as águas da Lagoa.
No interior da casa de meus amigos, a decoração é feita com lembranças de
fatos e viagens dos donos e tem um encanto todo especial. Lembra um cenário de
filme ou telenovela. Alegre, colorido, acolhedor.
As refeições parece que nem dão trabalho à Sílvia, nossa anfitrioa
perfeita, que se movimenta com graça da sala para a cozinha - separadas apenas por um balcão - sem perder o fio de nossas intermináveis
conversas. E à mesa, pratos à base de frutos do mar, cada dia uma novidade. Não
faltaram as ostras, com receitas do Google... Os assuntos continuam,
principalmente depois da sobremesa. Então, os mais jovens levantam-se
discretamente para lavar a louça. E nós, os adultos, damos largas à memória
cruzando acontecimentos que nos ligaram mesmo antes de nos conhecer
pessoalmente. Só de nome. E os personagens reais de nossas histórias animaram
essas lembranças, unindo-nos na saudade e no reconhecimento de como foram
importantes por nossa profunda afinidade. Moema e Dadá – que representam honrosamente
uma e outra família de nosso passado genealógico do Durasnal - foram as pedras
angulares dessa nova amizade e, de lá onde se encontram agora, tenho a certeza
de que estão nos ouvindo, abençoando e rindo conosco dos episódios divertidos
que lembramos. E intercedendo por graças pelo casalzinho da nova geração que se
formou, depois de tantas voltas que o mundo dá, alicerçado por essas origens
tão ternas e edificantes.
À tardinha, que gostoso ficar na piscina, ou à sua volta, admirando o
entardecer e o movimento dos pássaros fazendo a refeição da noite. Júlio não
esquece de abastecer de grãos a casinha que fez para eles no terraço. Em forma
de capelinha e rodeada de belas folhagens. Eles vêm em bando, primeiro os
menores, e se revezam naquele espaço em perfeita harmonia até que surgem as
pombas rolas que os espantam logo, sem piedade. Vencem pelo tamanho bem maior. E
eu que as julgava humildezinhas como minha mãe contava. Maria e José ofereceram
um casal de rolas quando apresentaram seu divino filho no templo. Eram pobres,
não podiam pagar por ovelhas para o sacrifício de praxe. Ah, safadinhas, agora
vocês me desencantaram.
Mas não ficou por aí. De repente, surgido não sei de onde, um gato preto
avançou sobre a casinha, que balançou com força, afugentando os passarinhos. Foi
uma debandada geral, mas eles saíram ilesos. Porém não voltaram naquele fim de
dia. Ficou a sensação do perigo que nos rodeia, em qualquer parte, porque o mal
existe até nos coraçõezinhos dos animais.
E o nosso assunto prosseguiu para o assassinato do surfista ali bem
próximo, no paraíso da classe, onde os mais famosos se acham donos das ondas e
afugentam os amadores com violência. Mas dessa vez foi um campeão a vítima. Os
jornais da Ilha não falaram outra coisa por dias e dias.
Hoje, lembrando aquela semana encantada em Floripa e os novos amigos tão
queridos, parece que foi um sonho. Que pretendo guardar para sempre na
lembrança como uma jóia preciosa que não posso perder.
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