terça-feira, 16 de junho de 2015

DOCES LEMBRANÇAS



A casa de meus amigos numa das praias de Florianópolis é uma graça. De frente para o mar, no alto de uma colina, goza de uma vista maravilhosa.
O terraço com piscina de águas morninhas até o entardecer ameniza o calor do verão e o cansaço, depois dos passeios pela ilha. Essa com novidades interessantes para se descobrir cada dia. Até ostras vendidas à beira do mar, por preços bem acessíveis. E lojas sem fim com artesanatos variados e gosto para todos. E as paisagens, meu Deus, que beleza! Inesquecível o dia passado na Lagoa da Conceição e o almoço no restaurante sobre as águas da Lagoa.
No interior da casa de meus amigos, a decoração é feita com lembranças de fatos e viagens dos donos e tem um encanto todo especial. Lembra um cenário de filme ou telenovela. Alegre, colorido, acolhedor.
As refeições parece que nem dão trabalho à Sílvia, nossa anfitrioa perfeita, que se movimenta com graça da sala para a cozinha -  separadas apenas por um balcão -  sem perder o fio de nossas intermináveis conversas. E à mesa, pratos à base de frutos do mar, cada dia uma novidade. Não faltaram as ostras, com receitas do Google... Os assuntos continuam, principalmente depois da sobremesa. Então, os mais jovens levantam-se discretamente para lavar a louça. E nós, os adultos, damos largas à memória cruzando acontecimentos que nos ligaram mesmo antes de nos conhecer pessoalmente. Só de nome. E os personagens reais de nossas histórias animaram essas lembranças, unindo-nos na saudade e no reconhecimento de como foram importantes por nossa profunda afinidade. Moema e Dadá – que representam honrosamente uma e outra família de nosso passado genealógico do Durasnal - foram as pedras angulares dessa nova amizade e, de lá onde se encontram agora, tenho a certeza de que estão nos ouvindo, abençoando e rindo conosco dos episódios divertidos que lembramos. E intercedendo por graças pelo casalzinho da nova geração que se formou, depois de tantas voltas que o mundo dá, alicerçado por essas origens tão ternas e edificantes.
À tardinha, que gostoso ficar na piscina, ou à sua volta, admirando o entardecer e o movimento dos pássaros fazendo a refeição da noite. Júlio não esquece de abastecer de grãos a casinha que fez para eles no terraço. Em forma de capelinha e rodeada de belas folhagens. Eles vêm em bando, primeiro os menores, e se revezam naquele espaço em perfeita harmonia até que surgem as pombas rolas que os espantam logo, sem piedade. Vencem pelo tamanho bem maior. E eu que as julgava humildezinhas como minha mãe contava. Maria e José ofereceram um casal de rolas quando apresentaram seu divino filho no templo. Eram pobres, não podiam pagar por ovelhas para o sacrifício de praxe. Ah, safadinhas, agora vocês me desencantaram.
Mas não ficou por aí. De repente, surgido não sei de onde, um gato preto avançou sobre a casinha, que balançou com força, afugentando os passarinhos. Foi uma debandada geral, mas eles saíram ilesos. Porém não voltaram naquele fim de dia. Ficou a sensação do perigo que nos rodeia, em qualquer parte, porque o mal existe até nos coraçõezinhos dos animais.
E o nosso assunto prosseguiu para o assassinato do surfista ali bem próximo, no paraíso da classe, onde os mais famosos se acham donos das ondas e afugentam os amadores com violência. Mas dessa vez foi um campeão a vítima. Os jornais da Ilha não falaram outra coisa por dias e dias.
Hoje, lembrando aquela semana encantada em Floripa e os novos amigos tão queridos, parece que foi um sonho. Que pretendo guardar para sempre na lembrança como uma jóia preciosa que não posso perder.



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