quarta-feira, 1 de julho de 2015

PROCURANDO A SAÍDA





A vida era tão simples. Ou parecia. As famílias criavam seus filhos, estes cresciam, estudavam, escolhiam o meio de vida para o qual sentiam vocação e saíam da casa paterna preparados para enfrentar o mundo. Não totalmente prontos, porém. Porque a realidade traz sempre novos saberes que muitas vezes se chocam com a bagagem de lições trazidas da família. Mas eles venciam pela honestidade e competência.
 Novos lares, novas famílias, novas profissões, novos valores. A sociedade se modificando aos poucos. Isso antes do salto vertiginoso que surpreendeu o mundo após os anos sessenta ou setenta. Por aí, que a minha memória atualmente é mais sentimental do que cronológica. Pois bem, hoje vivemos na tal “Aldeia Global” anunciada pelos filósofos do Século XX, onde os males, por mais longe que aconteçam, se refletem na economia do país, nos costumes, nas mentalidades. E servem de pretexto para os desmandos de nossos poderosos nacionais. Nossas conquistas pelo trabalho honrado vão desaparecendo.  Mas os bens destinados aos que fazem as leis, comandam as fontes de riqueza e gozam de todos os privilégios, esses nunca se perdem. Porque eles “trabalham” mais do que o povo. “Cansam” suas augustas cabeças. De fato, o cidadão comum, como eu, jamais seria capaz de arquitetar os engenhosos esquemas de captação de recursos, desvios para caixas dois, mais lavagem de dinheiro e domínios de mercado. Eles herdaram a arrogância dos reis da antiguidade, que se  julgavam escolhidos por Deus para governar. Era um legado divino. E o povo acreditava...
Este ano que começou para nós brasileiros com tantas esperanças... Foi só os dirigentes eleitos sentarem em suas “sagradas” cadeiras que a realidade começou a aparecer. Tão bom sonhar que éramos cidadãos livres gozando do direito de escolher nossos representantes. E que estes procurariam atender ao bem estar do povo. Durou pouco nossa ilusão. A realidade mostrou logo sua cara.
Mas há um elemento, a nosso favor, interferindo nos planos dos mandantes. É a tal transparência apregoada pelos políticos - uma satisfação para os eleitores - que extrapolou os limites que eles previam. As redes sociais, a imprensa, os trabalhos jornalísticos, as câmeras flagrando em pontos estratégicos os fatos, pode-se dizer sem medo de errar que vivemos numa aldeia global. Os segredos estão vindo à luz com rapidez, aos borbotões.
As crises se sucedem. Desempregos e inflação nos mais altos índices de todos os tempos. Faltam verbas para os setores sagrados da população: saúde, educação, segurança.
Há diversas maneiras de reagir, cada qual com seu jeito e experiências de vida e estrutura moral. Os pessimistas clamam por um dilúvio que acabe com o mundo que não tem mais jeito. Os otimistas acreditam numa virada espetacular: um herói surgindo com a fórmula certa. Quem pende para o mal se alia aos bandidos, rouba, mata, trafica. Os menos violentos trapaceiam, sonegam impostos, porque a vida para eles é aqui e agora e não se conformam em esperar para gozar os resultados de um trabalho honesto, de uma vida digna que respeite os direitos dos outros. Não querem ser solidários, ajudar nas crises.
Nós, cidadãos comuns, vamos levando nossa vidinha pacata, sem descrer do bem que ainda existe. É só praticá-lo e servir de exemplo. A sementinha é boa de vingar e dar frutos.
Enquanto isso, vamos enfrentando com bom humor as altas dos preços, dando graças por ainda não faltarem produtos alimentícios nas prateleiras e gôndolas dos Supermercados. Também é bom ir à feira livre para abastecer-nos das hortaliças cultivadas sem agrotóxicos. E as abóboras e mogangos da terra, não há melhores nas grandes cidades. Nossos filhos que já não moram na terrinha que o digam. As bergamotas – mexericas – só se encontram aqui. As importadas de outras  localidades não têm o mesmo gosto, nem o cheiro...
Tudo isso faz a nossa vida ainda parecer o que era antes: uma jornada que devemos percorrer com simplicidade e alegria, procurando conviver bem com nossos semelhantes e boa vontade de ajudar onde e como for preciso ou estiver a nosso alcance.

E um dia, sei lá quando, é possível que nossos netos, bisnetos ou tataranetos encontrem a saída que agora em vão estamos procurando.

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