Tempos difíceis, como nunca havíamos sofrido, agora estamos vivendo.
Quando não é o desgoverno do país, corrupção, malversação dos bens públicos, resultando
em desemprego em massa, falta de recursos para a Saúde, a Segurança e a Educação,
até o clima vem-se mostrando hostil. A tragédia de Mariana ainda terá suas consequências
por muitos e muitos anos. Os ciclones que abalaram Porto Alegre e a região
metropolitana deixaram um rastro de destruição que levarão um bom tempo para que
a capital volte ao normal, e o medo não será facilmente esquecido.
São agentes externos que poderiam ser evitados, exceto os causados por El
Nino, caso tivéssemos governantes sérios e empresários que não visem apenas os
lucros, mas que sejam verdadeiramente
conscientes de sua responsabilidade perante a nação. E um povo disciplinado que
entenda o que é democracia, que respeite a natureza e a preserve – afinal, “ela
é um bem gratuito, que nos foi dado por Deus, para que o preservemos e deixemos
de herança às novas gerações.” Como declarou nosso Papa Francisco nas intenções
de orações para este mês.
Lembro um vídeo que passava na TV, numa campanha publicitária de décadas
atrás. Era a figura de uma mulher à janela. A chuva começa e vira tormenta. Um
bueiro logo ali na sarjeta começa a entupir, e um montão de lixo vai-se
acumulando. O vídeo termina com a água da chuva subindo, subindo, e a pobre
mulher apavorada vendo sua casa completamente inundada. Fico lembrando a
doméstica, e tantas outras, que jogam a sujeira nos bueiros das esquinas.
Conforme uma delas, que questionada, sacudiu os ombros e disse “Não estou nem
aí.”
Agora são os mosquitos e a Zica Vírus que estão nas manchetes. O que
diria nosso grande médico sanitarista Osvaldo Cruz se revivesse? Voltaram as
pragas ao Brasil, ao Rio de Janeiro - sede das próximas Olimpíadas, a capital
do carnaval, que atrai turistas de todo o mundo - e aos estados nordestinos e a
todo o país. O que será de nós, quando mais precisamos de mentes jovens,
lúcidas e competentes para endireitar o Brasil? Quando a microcefalia seá-se alastra
assustadoramente? Pobres criancinhas, pobres mães, pobres de todos nós.
E os focos de propagação dessa praga continuam na maior parte sem
tratamento. Pessoas indiferentes não encaram seriamente o problema, ou como
aquela doméstica preguiçosa, “não estão nem aí.”
Estamos precisando de estímulos para acreditar que há uma luz no fim do
túnel. Que melhores tempos virão. Mas é urgente que as novas gerações deixem de
preocupar-se apenas em gozar a vida, nas baladas, nas drogas, e enfrentem os
problemas. Que surjam entre eles muitos líderes iluminados apontando novos
caminhos.
Outro dia, no entanto, uma professora particular de Artes teve a placa
que fizera bem bonita, com o nome do curso, à frente da casa, arrancada e
levada por um bando de jovens. Ela se pergunta se as mães deles não os
questionam de onde tiraram esses “troféus” que levam consigo. Não querem incomodar-se com as
respostas, ou eles não lhes dão conversa?
Certa noite, vândalos passaram nas ruas aqui perto atirando pedradas nas
janelas. Muitas vidraças quebradas, e o susto, então! Parecia uma bomba o
barulho que fez. Prejuízos que não constavam da agenda de gastos. Pior foi a
sensação de insegurança dentro dos lares atingidos.
Não haveria brigadianos suficientes para conter essas hordas. Elas
irrompem aqui e ali por quem não tem mais o que fazer. Falta o quê? Educação no
lar, bons exemplos dos pais, respeito às tradições e bons hábitos de
convivência em comunidades.
O Carnaval já passou. Vamos começar o ano agora. Removendo os entulhos,
as mágoas, acabando com os focos dos mosquitos e pondo mãos à obra de
reconstrução dos estragos. Tudo é possível, quando acreditamos na misericórdia
divina e na bondade que deve existir na alma humana. Pois não fomos criados à
imagem de Deus?
Anna
Zoé Cavalheiro
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