O Ano Novo, celebrado com fogos e brindes de espumantes - os nacionais
estão com fama internacional – já não está tão novo assim. Terríveis marcas o
desfiguram. Aqui e ali outras explosões, mas de revolta e ódio nos presídios,
nesses primeiros dias que desejávamos fossem de paz e fraternidade.
Darcy Ribeiro, antropólogo, educador, político, escritor e outras coisas
mais, autor do livro “O Povo Brasileiro” - era um dos que dizia: Quanto mais
escolas e educação aprimorada forem as principais preocupações e iniciativas do
governo, menos presídios serão necessários.
Agora só se fala em construir casas e casas de detenção. A bandidagem não
para de crescer, e as prisões transformam-se em depósitos humanos, sem as mínimas
condições de uma vida digna, quanto mais de oportunidades de regeneração.
Mas, falando em coisas mais amenas, ainda ficaram em nós os sentimentos
de família que reforçamos nas festas de fim de ano. Pais, filhos, irmãos, avós,
crianças, unidos no carinho e na alegria do Natal, trocando-se presentes e
agrados, que coisa boa! E as festas de formatura, os planos de veraneio... tudo
são ares de férias. O ano, de fato, ainda nem começou.
Minha agenda, porém, está bem adiantada: já dei o atestado de vida a
minha agência bancária e estou providenciando a renovação da carteira de
motorista. Encontrei no Detran uma colega que atrasou por um ano a sua. Lembro
que até meados do século XX isso era comum acontecer. Mas agora! Qualquer
descuido, e a multa não falha.
Com o calor que está fazendo, é hora de ficar mais em casa nas horas de
sol forte e ler os livros que ficaram à espera, por falta de tempo. Nesses
momentos, lembro nossos veraneios no sítio do Dindo, que providenciava leituras
e redes, à sombra das frondosas figueiras, para a sobrinhada entreter-se. Era
um conforto! Não faltava Monteiro Lobato com suas Caçadas de Pedrinho, as
aventuras de Robinson Crusoe e outros que ele sabiamente escolhia, adaptados ao
nosso nível de desenvolvimento. Será que as crianças e jovens de hoje ainda têm
um Dindo como esse?
Breve “emplacarei” mais um ano de vida, começando a nova jornada com outra
idade. Bendigo a Deus e ao ano de 2017 por estar viva e, mais que isso, sentir
ainda bem forte o gosto de viver. É o que desejo a todos vocês, meus queridos
leitores.
Anna
Zoé Cavalheiro
Nosso livro continua à venda no Caminito, no Chalé e nas residências das
autoras.
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