domingo, 13 de janeiro de 2013

FOI BEM DIFERENTE




A mesma árvore de Natal, com os enfeites guardados durante o resto do ano no mesmo lugar. As mesmas pessoas queridas em torno da mesa com o tradicional peru. Os presentes, as surpresas, os abraços... Mas a data chegou tão de repente, não deu para sentir aquela emoção ao ouvir “Noite Feliz”. As lojas locais não apresentaram músicas natalinas, para enternecer os fregueses, e na igreja as canções tradicionais lembrando o Menino Jesus foram pouco entoadas. Músicas novas, sem uma história...
Foi como uma tempestade que desabou de repente e assim se afastou.
O novo ano surgiu sem a expectativa de uma folha em branco pronta para colher novos fatos. E de fim aos problemas enfrentados no ano que passou. A impressão foi que faltou um fecho, muita coisa  não se completou.
Acho que o eixo da terra está girando rápido demais. As vinte e quatro horas de um dia não têm mais aquele espaço para tudo o que se quer fazer. Ou será a idade que está avançando?
Penso em um lugar apropriado para recarregar a energia. As praias estão lotadas e barulhentas. O campo é um sonho distante -  uma saudade do sítio do Dindo. Sou urbana, e meus familiares também.
Outro dia, dando um trato nos tapetes do carro que estava lavando, senti-me na pele de alguma ancestral cuidando dos arreios de seu cavalo. Os mesmos movimentos, o mesmo zelo por sua “montaria” – meio de transporte da época. Memória atávica. Dois séculos se passaram desde que a família abandonou a fazenda. Não sobrou nenhuma chacrinha...
Hoje, saindo da cidade, gosto de admirar um trecho que aparece de repente atrás de uma curva acentuada: dali se vê um horizonte de cento e oitenta graus. Seria de trezentos e sessenta se tivéssemos pescoço de coruja. Sempre que passo por ali me arrependo de não ter uma câmera à mão para uma foto, pois a paisagem é esplêndida. E eu lembro do que ouvi, ou li, tempos atrás sobre um alemão que se encantava com nossas amplitudes e costumava parar o automóvel para, segundo costumava dizer, “tomar bebedeiras de horizonte.” O trecho dá uma sensação de liberdade, e a gente respira com gosto aquele ar, alegrando os olhos com o verde dos pastos e plantações e o ondular das serras que “azulam no horizonte”.
O ano está apenas começando, e eu já vou “emplacar” amanhã, soprando mais uma velinha do bolo. Deus seja louvado!

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