Tudo começou porque um Menino nasceu numa gruta de Belém. Sem
enxovalzinho, sem casa, sem teto. Só o calor de sua mãe por agasalho.
Por isso, até hoje, os cristãos parece que enlouquecem nessa época de
Natal e saem a comprar e oferecer presentes, tentando resgatar o tempo perdido
e todas a carências que habitam nosso mundo.
Mas cedo chegam à triste conclusão de que suas posses não chegam para
alegrar tanta criança sem lar, tanto velhinho esquecido dos seus nos asilos,
tanto chefe de família sem emprego!
Para muitos chega o desânimo e essa nostalgia bem própria das pessoas
tristes, que só pensam em esquecer que é Natal. Para não pensar nas misérias da
vida, para esquecer o que foi bom e que passou, não volta mais.
Os mais corajosos, no entanto, sacodem a poeira das lembranças incômodas
e procuram promover um ambiente de paz e alegria que esteja a seu alcance. É
por isso que as lojas se enchem de mães, de pais, tios, avós, amigos, buscando
o presente ideal para seus queridos. É por isso que as estradas se enchem de
passageiros em busca de seu destino: seus familiares que permaneceram na sua
terra natal. Que emoções nos reencontros!
Dentro das casas, primeiro é o caos. Parece que vem tudo abaixo, mas é
apenas o começo, a grande faxina do ano. Aos poucos, a casa vai ficando mais
bonita, com os enfeites guardados todo o
ano e agora expostos junto à árvore e
aos arranjos natalinos.
A cozinha é a última peça a ficar pronta, pois de lá vão surgindo, até a
última hora, pratos apetitosos para brindar a família e os amigos que
confraternizam na festa mais importante do ano.
Mas os presentes, as lembranças e o carinho não são apenas para os mais
chegados: cada família em condições de festejar o Natal procura obsequiar
outras famílias ou pessoas que não têm a mesma sorte. E da faxina ou das lojas
de liquidação vão surgindo roupas, utensílios, brinquedos para doar,
acompanhados de palavras amigas, de simpatia, compreensão, estímulo.
O Natal mexe com os sentimentos das pessoas generosas.
Não é apenas materialismo que nos move nessa época. Pois em cada peça
comprada vai um pouco do coração de quem a oferece.
Contradizendo os pessimistas, podemos confiar que o aniversário do Menino
Jesus não perdeu seu significado. A mensagem ficou: “Amai-vos uns aos outros
como Eu vos amei.”
Sinto que o Natal deste ano tem um sentimento muito especial: a esperança em dias
melhores. Parece que a gente recomeça a confiar que o mal será punido e o bem
estimulado, porque a consciência do povo foi despertada à custa de muitos
sofrimentos e desilusões. Nosso presente de Natal, neste ano, é o amor
temperado com a esperança.
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