Dona Maurília não se conforma: pinheirinhos artificiais, comprados em
loja, “na minha casa não”. E seus netos deixaram de ter o ambiente natalino na
casa da avó. Uma lástima!
Lembro ainda quando a gente os adquiria na rua de algum lenhador
improvisado para a época de Natal. Quando também se comprava o peru de algum
verdureiro que os cevava nos últimos meses do ano. Ao contrário de hoje que os
preparativos se fazem de última hora. Apesar
das facilidades como o forno elétrico de hoje, e outras benesses. Há anos atrás era preciso
procurar padarias que assavam os animais das festas. Nem sempre se conseguia, a
fila era longa.
Talvez por isso agora nos pareça passarem tão rápido essas festas de fim
de ano. Ontem foi Natal, hoje é Ano Novo. As folhinhas dos calendários 2014 foram
arrancadas - agora é outro ano -, os espumantes e champanhes tiveram seus
brindes, o peru e o leitão já fizeram sua parte.
Nas estradas, viajantes saudosos buscando suas famílias, para reviver
origens e fortalecer laços¸ enfrentam os perigos do trânsito terrível: é uma
roleta russa, mas com Deus e a Virgem Maria invocados pelos parentes que os
aguardam, e muitos cuidados, eles chegam felizes para a mais terna celebração
do calendário – o nascimento de um menino que mudou o mundo.
Menos consumismo – é o que dizem os noticiários - desagradou
comerciantes, mas aproximou mais as pessoas que se trocaram prendas com maior
significado e carinho. Com um olho no ano que vem de prognósticos sombrios,
melhor apertar o cinto que a crise vem aí. Os pessimistas temem o atraso nos
salários, a crise do desemprego, negócios e produções em queda, um caos! Mas há
quem tenha esperança de que as consciências se aclarem, que este país de tantas
possibilidades não negue oportunidades a seus filhos que se iniciam no
trabalho; e aos aposentados, que possam descansar sem preocupações financeiras.
O Brasil é tão grande. Há lugar para todos. Até para os exilados que não têm
mais para onde ir.
O clima dos últimos dias
contribui para dar um ar de mistério sobre o que será amanhã. Chuvas, tempestades,
céu de brigadeiro? As nuvens teimam em permanecer toldando os céus.
Os cuidados com os preparativos do
Natal e a convivência agradável em família não deixam que a nostalgia tão
temida desses dias tome conta da gente. Por isso, o fim do ano não é mais
aquele velhinho triste, curvado sob um cajado, que nos abandona ao
desconhecido. A nova folhinha traz imagens vibrantes de um futuro cheio de
novas surpresas. Tudo pode acontecer.
Enquanto os poderosos enchem suas arcas
com os bens públicos – até que sejam flagrados – nós, os sonhadores
humildes, que apostam no amor e na justa partilha, ainda acreditamos que a vida
vai melhorar.
O ano 2015 nos traz grandes esperanças.
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