Não sei o que fazer com os livros que estão tirando o lugar de outros nas
minhas prateleiras. Doá-los para escolas ou
bibliotecas, já tentei. Não caberiam. São do Curso de Direito de um de meus
filhos, formado há mais de uma década. Acontece que eles estão ultrapassados.
Código Civil e outros de jurisprudência mudaram tanto nestes últimos anos!
Hoje, o processo da Lava jato nos tem
mostrado tantas divergências na interpretação das leis. Parecem frágeis e
incapazes de punir culpados mais do que declarados perante a opinião pública.
Ora eles estão sendo julgados, ora apontam erros dos próprios juízes e até dos
Ministros do Supremo.Até o cidadão comum dá palpites como acontece nos lances
do futebol. Todo mundo quer ser técnico e apontar os erros.
Mas para acalmar nossos nervos, eis que está
chegando para nós, caçapavanos, a “estação dos livros” – a Feira. Bem preparada
e coordenada por Pedro Vanolim e sua valorosa equipe, ela nos proporcionará nos
próximos dias uma convivência agradável com nossos colegas leitores,
palestrantes, escritores e os próprios livros. Esses vêm-me acompanhando em todas
as fases da vida e marcam cada etapa, ora feita de sonhos, ora enfrentando a
dura realidade. Lembro os livros de Cronin com personagens lutando por seus
ideais. E desvendando o mundo lá da Irlanda e seus preconceitos religiosos.
Lembro Pearl Buck levando-nos a conhecer a cultura da China, seus tabus,
virtudes e defeitos. Todas as leituras ajudando-nos a conhecer e compreender o
mundo fora de nós, pois alargam nossos horizontes e a capacidade de sentir-nos
parte de um todo. E o melhor de tudo: nunca nos deixam sozinhos sabendo que lá
do outro lado do mundo alguém pensa e sente como nós. Um doce remédio para,
principalmente, a fase da adolescência, quando nos julgamos incompreendidos.
Muitas vezes dou falta
de livros que deixei de encontrar em meus armários. Quando surge oportunidade,
trato de buscá-los nos sebos. Pois numa Feira do Livro em Porto Alegre o
milagre aconteceu. Foi assim: alguém certa vez me emprestou um livro de Aghata
Christie - “O caso dos Dez Negrinhos” - um dos poucos que faltava na minha
coleção. Passei, então, a procura-lo nas livrarias em vão. Quando já
desistira, vou à Feira na Praça da Alfândega e chego numa banca e outra,
procuro autores conhecidos, olho os preços e vou desistindo. Mas num enorme
cesto de livros, a cinco reais cada, resolvo mergulhar minha mão, e ela sai com
um livro lá do fundo. Adivinhei qual era? “O caso dos Dez Negrinhos”.
Acreditem. É a pura verdade.
Milagres existem, por
isso continuo na esperança de encontrar “Alice no País das Maravilhas”, livro
da minha infância que perdi pelas curvas do caminho. Mas precisa ter a mesma
encadernação, as mesmas gravuras, a capa de pano verde como era costume na época.
Até lá, continuarei
procurando.
Anna
Zoé Cavalheiro
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