segunda-feira, 11 de julho de 2016

NO EMARANHADO DAS LEIS E DOS LIVROS



Não sei o que fazer com os livros que estão tirando o lugar de outros nas minhas   prateleiras. Doá-los para escolas ou bibliotecas, já tentei. Não caberiam. São do Curso de Direito de um de meus filhos, formado há mais de uma década. Acontece que eles estão ultrapassados. Código Civil e outros de jurisprudência mudaram tanto nestes últimos anos!
Hoje, o processo da Lava jato nos tem mostrado tantas divergências na interpretação das leis. Parecem frágeis e incapazes de punir culpados mais do que declarados perante a opinião pública. Ora eles estão sendo julgados, ora apontam erros dos próprios juízes e até dos Ministros do Supremo.Até o cidadão comum dá palpites como acontece nos lances do futebol. Todo mundo quer ser técnico e apontar os erros.
Mas para acalmar nossos nervos, eis que está chegando para nós, caçapavanos, a “estação dos livros” – a Feira. Bem preparada e coordenada por Pedro Vanolim e sua valorosa equipe, ela nos proporcionará nos próximos dias uma convivência agradável com nossos colegas leitores, palestrantes, escritores e os próprios livros. Esses vêm-me acompanhando em todas as fases da vida e marcam cada etapa, ora feita de sonhos, ora enfrentando a dura realidade. Lembro os livros de Cronin com personagens lutando por seus ideais. E desvendando o mundo lá da Irlanda e seus preconceitos religiosos. Lembro Pearl Buck levando-nos a conhecer a cultura da China, seus tabus, virtudes e defeitos. Todas as leituras ajudando-nos a conhecer e compreender o mundo fora de nós, pois alargam nossos horizontes e a capacidade de sentir-nos parte de um todo. E o melhor de tudo: nunca nos deixam sozinhos sabendo que lá do outro lado do mundo alguém pensa e sente como nós. Um doce remédio para, principalmente, a fase da adolescência, quando nos julgamos incompreendidos.
Muitas vezes dou falta de livros que deixei de encontrar em meus armários. Quando surge oportunidade, trato de buscá-los nos sebos. Pois numa Feira do Livro em Porto Alegre o milagre aconteceu. Foi assim: alguém certa vez me emprestou um livro de Aghata Christie - “O caso dos Dez Negrinhos” - um dos poucos que faltava na minha coleção. Passei, então, a procura-lo nas livrarias em vão. Quando já desistira, vou à Feira na Praça da Alfândega e chego numa banca e outra, procuro autores conhecidos, olho os preços e vou desistindo. Mas num enorme cesto de livros, a cinco reais cada, resolvo mergulhar minha mão, e ela sai com um livro lá do fundo. Adivinhei qual era? “O caso dos Dez Negrinhos”. Acreditem. É a pura verdade.
Milagres existem, por isso continuo na esperança de encontrar “Alice no País das Maravilhas”, livro da minha infância que perdi pelas curvas do caminho. Mas precisa ter a mesma encadernação, as mesmas gravuras, a capa de pano verde como era costume na época.
Até lá, continuarei procurando.
                                   Anna Zoé Cavalheiro




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