Ao dobrar aquela esquina, o passante recebe em cheio o perfume das
frísias do jardim. Noutro canteiro, os pés baixinhos de azálea, de tão
carregados de flores, parecem garotinhas roliças vestidas de prenda com saia de
muita armação.
Os pássaros cantam alegres, e a vida retoma um ritmo de festa no colorido
do entardecer.
Já se pode contemplar o céu estrelado sem estremecer de frio.
É bom notar que já aliviamos as cobertas, os dias estão mais compridos,
sobram horas na tarde para um lazer.
Também nos dá prazer verificar que novos caminhantes se apresentam na
calçada da vizinhança. Alguém que no inverno ainda eram bebês envoltos em
mantas, agora ensaiando seus passos bamboleantes tão cheios de esperança.
Vovôs e vovós se animam a sair à rua, procurando os bancos do calçadão
para um bom papo, sem medo de resfriados.
Os jovens já podem namorar à luz das estrelas.
E as crianças, meu Deus! Quem cuida dos pequenos na primavera sabe o que
eu digo. Na escola, então! É tanta vida pulsando que não cabe em corpo assim
pequeno. O remédio é deixar agitar. E na escola, acham que é fácil mantê-las
disciplinadas?
Risos, gritos, brigas...
O menininho da 1ª série está resolvido: vai aprender judô ou karatê para
defender-se na escola, sem apanhar.
Os pais não sabem o que dizer: oferecer a outra face como um bom cristão?
Contar à professora que está sofrendo o tal bullying
que já no meu tempo de estudante existia, mas não tinha nome nenhum?
Os pais ficam desejando que ensinem Religião na escola para que as crianças
aprendam a conviver fraternalmente. Pois é tão difícil ensinar os preceitos
cristãos em casa! Quem quer ouvir? Primeiro, com a televisão, agora com a
Internet ocupando todo o tempo das crianças e jovens. Quem não tem computador,
email, e não se comunica por facebook, não é ninguém.
Aquele garotinho de três anos, que era tão beijoqueiro quando a gente
chegava a sua casa, agora mal olha pra gente e faz um aceno, porque está
entretido nos seus joguinhos, os videogames. E sabe abrir, fechar, passar de
uma fase para outra sem pedir para ninguém.
Dizem que a Psicologia acabou com o arrependimento. Que pecado não
existe, mas apenas a voz da natureza que precisa ser obedecida, para não deixar
frustrações. O que sobra para ensinar?
Por sorte existem os avós, essas criaturinhas doces, despojadas de tudo o
que é supérfluo, pois aprenderam o que é essencial para a vida. Desse modo se
tornam as pessoas mais próximas das crianças. Capazes de entendê-las e de viver
do seu modo: cada dia plenamente. E de ensiná-las que o amor é a melhor arma
para enfrentar a vida.
Por isso, nesta primavera que breve vai começar, poderemos apreciar essas
criaturas lado a lado nas praças e jardins, apreciando o reflorescer dos
jardins e dando graças à vida que se perpetua com toda a beleza.
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