quinta-feira, 29 de setembro de 2016

SER OU PARECER






Mais uma semana Farroupilha que passou. Desta vez com o beneplácito de S. Pedro, que recolheu as nuvens sombrias e deixou o sol aparecer. Não conseguiu suspender de todo o vento frio, mas este não entrava nos salões dos CTGs, nem impedia as confraternizações e danças de prendas e peões. Deus seja louvado!
Ainda vibramos de entusiasmo ao lembrar nosso passado de lutas e admirar os desfiles de cavaleiros pilchados, de todas as idades, homens, mulheres e crianças alegrando nossas ruas. E se a festa não foi a nível nacional, é porque os demais estados da nação não recordam que fomos os defensores de nosso território inteiro, pois nos vários combates asseguramos as fronteiras meridionais, expulsando os invasores.
 Na tarde clara de setembro, a visão do tradicional espetáculo nos confortava ao pensar que ainda honramos nossas tradições. Quem somos nós sem elas? É preciso estar ligado ao grupo, às origens, e saber para onde vamos, do contrário nos perderemos no vendaval de acontecimentos, fatos e boatos que nos bombardeiam de todos os lados, pela mídia, a cada nova manhã.
Caçapava é um centro de tradições respeitável. Nossos CTGs, os piquetes, os eventos gauchescos como Rodeios, Invernadas e outros são o principal entretenimento dessa juventude guapa que desde cedo aprende a montar, tratar seu cavalo e familiarizar-se com as atividades campeiras. Diversões sadias e culturais bem diferentes dos “raves” importados de outros países, que têm o intuito de aturdir e despersonalizar o jovem de nosso tempo.
Escolhi o título desta crônica por lembrar minha formatura de ginásio – no século passado se comemorava – que teve como lema “Ser e não Parecer.” Pois era essa a lição subliminar que nossos mestres nos ensinavam. Pois no calor do entusiasmo por essa primeira conquista, um colega pediu a palavra. A turma ficou muito aflita, pois não confiávamos no orador. Não deu outra, o pobrezinho começou bem confiante, mas depois não achava a saída, não sabia como terminar. E foi aí que ele trocou nosso lema e passou a dizer: Pareçamos e não Sejamos.
Não tive mais notícias dele. Mas espero que ele não tenha enveredado para o caminho errado, mas seguido nossa boa intenção, a de sermos autênticos e incorruptíveis: Ser e Não Parecer.


Anna Zoé Cavalheiro

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