Estamos em plena
Semana da Pátria e nem sentimos que ela chegou. Sem tambores,
bandeiras desfraldadas pelas ruas, desfiles de escolas, ou algum gesto de
patriotismo. Permanecemos em compasso de espera. Que será de nós, agora?
Até o tempo está conspirando para entristecer esses dias. A chuva e o
frio, sem falar no momento turbulento que vivemos, arrefecem nossas esperanças
de alguma melhora.
Minhas amigas contemporâneas só têm assunto para seus resfriados que se
sucedem sem parar. E as dores do corpo, que provavelmente são vindas da alma
que sofre vendo o mundo ficar tão diferente. Nas tardes frias, no entanto, o
café é o momento de aconchego, em que recordamos outras eras, nossa juventude
animada desfilando com as suas escolas, as poesias exaltando a pátria que
declamávamos nas horas cívicas, tudo tão distante...
O país está dividido ao
meio. Os partidos políticos aglomeram-se em dois grupos: os que apoiaram o
impeachment e os contrários. Até que foi bom, há siglas demais. Entretanto,
nenhuma novidade em seus programas. O povo não acredita mais nas promessas.
Está, porém, mais atento que nunca ao desenrolar dos acontecimentos e prevenido
contra as manobras dos mandantes. Com medo que a Lava Jato perca sua força
moralizadora.
Nos povos antigos, um
Conselho formado por anciãos é que decidia os destinos da comunidade. Eram considerados
pessoas dignas e isentas de quaisquer propósitos ilícitos.
Hoje, como confiar
nesses líderes de cabelos brancos ou carecas - alguns até de bengala - que
fazem uma triste figura a caminho da prisão, por crimes contra o povo que os
elegeu? Será que pensam levar dessa vida as riquezas acumuladas? Em vez de fazerem um balanço de seus atos, um
“mea culpa” e deixarem uma obra que traga bons frutos após sua morte.
Nossa juventude, nossa
esperança, o que pensa da vida e quais seus planos de futuro?
Coitadinhos, tão novos
e desprotegidos!
Mas eu creio na
Primavera. Ela está demorando, mas vai chegar. Já mandou suas
emissárias, azáleas
coloridas, grinaldas de noiva e flores
de laranjeira exalando aquele perfume
que levanta o ânimo da gente. O frio vai
passar, e os achaques das velhinhas também.
Que a claridade da estação nos ilumine a
todos nós.
Anna
Zoé Cavalheiro
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