sábado, 9 de maio de 2015

A HORA É SAGRADA






O forasteiro transita tranquilamente  em nossa cidade. Longe dos engarrafamentos da capital gaúcha onde mora, respira aliviado. Cedo da tarde terá cumprido suas tarefas de representante comercial, e à noite já estará em casa, depois de enfrentar as agruras da estrada e o não menos caótico trânsito da cidade grande.
Fica admirando a calma da manhã, transeuntes passando sem pressa, lojas e estabelecimentos de portas abertas funcionando normalmente.
De repente, aquele susto. Veículos em disparada congestionando as ruas e avenidas. Não dá para o pedestre atravessar assim no mais. É preciso muita cautela.
Não só carros, automóveis, caminhonetes, caminhões nesta corrida. Há também uma avalanche de motos - pilotadas em geral por graciosas mocinhas, balconistas, secretárias, comerciárias... Parecem uns besourinhos coloridos zumbindo na paisagem clara da manhã.
Por fim, as bicicletas. É a vez dos operários com suas sacolas a tiracolo fechando aquele desfile apressado.
Eis que, assim como começou, aquele movimento barulhento teve fim. As ruas ficaram desertas, os estabelecimentos fecharam as portas. Um que outro transeunte carregando viandas nas calçadas. Depois, o silêncio.
 Passando pelas casas em direção ao restaurante, o forasteiro foi sentindo um cheiro bom de comida caseira. E o apetite foi aumentando.
 Saciada a fome, agora era a curiosidade que o espicaçava. Por que aquela correria desenfreada -  todos ao mesmo tempo?
- É a hora do almoço, disseram-lhe os garçons que o atenderam. Todos que trabalham em dois turnos têm esse privilégio. Vão correndo para suas casas. Almoçam e ainda lhes  sobra um tempinho para um cochilo. 
Que inveja lhe deu! Na cidade grande, o representante comercial mal tem tempo para um lanche quando consegue um espaço entre as andanças e atividades. E aqui!... Ficou imaginando as famílias reunidas em torno da mesa. A toalha estendida, os pratos servidos, a prosa. A mãe comandando. Ela é que entende do que cada um gosta ou desgosta. Se ela também trabalha fora, então em vez de toalha usa joguinhos americanos na mesa. É mais prático, não precisa lavar todo o dia.
Havendo crianças em casa, é hora de levá-los à escola. Alguém se dispõe. Com sorte, na volta, ainda lhe sobrará uns minutos para uma sestinha.
Nas cidades menores, ganha-se menos. Mas é nelas que a gente vive e sente que está vivendo. E curtindo...





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