As mãezinhas de hoje saem da maternidade com seu bebê adorável e um
manual de instruções de como criá-lo. Tudo pelos métodos modernos e práticos.
Aos poucos, porém, as situações novas fogem do controle, e ela tem de apelar às
avós ou às tias e aos seus costumes que
julgara ultrapassados.
E quem não tem uma mãe ou uma sogra nesta hora, coitadinha dela!
O pior vem depois, quando a licença-maternidade está por acabar. Quem vai
ficar com o bebê? Como conciliar sua carreira, seus hábitos, sua vida, o
próprio casamento, com este novo serzinho que pede tanta atenção?
Aí vêm as amigas sugerindo escolinhas - as antigas creches - que se atualizam a cada dia. Com educadoras de formação
especial e atendentes bem qualificadas para lidar com os pequenos. São
confiáveis em alto grau.
E antes que a licença acabe, segue-se uma peregrinação do casal em busca
da escolinha mais conveniente para o seu bebê. Onde ele esteja bem protegido e
receba carinho e as atenções que merece.
São muitas noites sem sono até chegar à decisão final. É preciso não
demorar muito na escolha, pois há o risco de perder a vaga.
Estas situações são comuns hoje em dia, com as mudanças sociais das
famílias. Mães profissionais que não podem abandonar suas carreiras - um direito que lhes assiste - mas que não abdicam de sua maior glória, a
maternidade.
Os primeiros dias nas creches – hoje elas têm outros nomes – não são nada
fáceis. No próprio trabalho, as mães ficam à espera de algum telefonema dizendo
que a criança está chorando. E suas tarefas ficam prejudicadas pela tensão
sofrida. Não vêem a hora de ir buscar seu pimpolho e saber tim-tim por tim o que fizeram todo o tempo
com as “prófi” e os coleguinhas. Esperando ouvir boas notícias: que se
ambientaram bem e até nem choraram.
Tenho dó das coitadas e fico lembrando que nada disso acontecia nos
tempos idos. As proles eram numerosas,
mas sempre havia umas tias - as Dindas -
que ajudavam a reparar as crianças na própria casa. Morando com a família,
ajudavam no banho delas, nas refeições, nos entretenimentos, no dia a dia.
Quando chovia ou fazia frio, nenhuma era retirada de casa pelo pai ou
pela mãe quando se dirigiam ao trabalho. Como hoje acontece. Coitadinhas! Saem
do berço quentinho e enfrentam as intempéries do tempo. Bem agasalhadas, é
verdade. Mas deixando o aconchego do lar para trás.
As avós de hoje, ou são bem moças e ainda trabalham fora – quando os pais
são jovens -, ou idosas demais para tomar conta das crianças, no caso de casais
que adiaram o nascimento dos filhos. Reumatismos, dores na coluna, os males da
idade.... Elas só se prestam para dar carinho, fazer bilu-bilu e organizar os álbuns
com fotos de cada etapa dessas vidinhas graciosas.
Lembro as casas cheias do meu tempo. Sobrinhos que se hospedavam ali para
estudar e cunhadas solteiras que não tinham nenhuma profissão e eram as
madrinhas das crianças. A mãe não ficava sobrecarregada com os cuidados dos
pequenos. Sobrava-lhe tempo para cuidar da casa, do marido e curtir a infância
dos pequenos. Não se falava em estresse.
Hoje, a família encolheu bastante. Pai, mãe e um filho único, geralmente.
Com quem deixá-lo em segurança e conforto? Não esquecendo o carinho... Sobram
as escolinhas.
É preciso marcar entrevistas –
parecem até procura de empregos - em que ambas as partes são analisadas
meticulosamente. O interesse dos pais em achar o lugar ideal para o seu pequeno
ficar, enquanto eles trabalham, e as exigências da própria escolinha que não
quer aceitar criança com problemas de saúde ou comportamento que venham
prejudicar o ambiente.
Finalmente entrados em acordo, o bebê vai formando seu perfil “novo
milênio” que é bem diferente daquele dos
anos passados. Adaptação rápida, novos amores, a “prófi”, a”tia “ e os
coleguinhas. Mas os bracinhos estendidos
e o sorriso aberto para os pais que o “recolhem” a cada final de tarde, depois
de seus expedientes cumpridos, comprovam que o amor deles é insubstituível. E o
seu lar também.
Ah, tias de outrora! Que falta que elas fazem!
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