quarta-feira, 6 de maio de 2015

A FALTA QUE ELAS FAZEM







As mãezinhas de hoje saem da maternidade com seu bebê adorável e um manual de instruções de como criá-lo. Tudo pelos métodos modernos e práticos. Aos poucos, porém, as situações novas fogem do controle, e ela tem de apelar às avós ou às tias e aos seus costumes  que julgara ultrapassados.
E quem não tem uma mãe ou uma sogra nesta hora, coitadinha dela!
O pior vem depois, quando a licença-maternidade está por acabar. Quem vai ficar com o bebê? Como conciliar sua carreira, seus hábitos, sua vida, o próprio casamento, com este novo serzinho que pede tanta atenção?
Aí vêm as amigas sugerindo escolinhas -  as antigas creches - que se  atualizam a cada dia. Com educadoras de formação especial e atendentes bem qualificadas para lidar com os pequenos. São confiáveis em alto grau.
E antes que a licença acabe, segue-se uma peregrinação do casal em busca da escolinha mais conveniente para o seu bebê. Onde ele esteja bem protegido e receba carinho e as atenções que merece.
São muitas noites sem sono até chegar à decisão final. É preciso não demorar muito na escolha, pois há o risco de perder a vaga.
Estas situações são comuns hoje em dia, com as mudanças sociais das famílias. Mães profissionais que não podem abandonar suas carreiras -  um direito que lhes assiste -  mas que não abdicam de sua maior glória, a maternidade.
Os primeiros dias nas creches – hoje elas têm outros nomes – não são nada fáceis. No próprio trabalho, as mães ficam à espera de algum telefonema dizendo que a criança está chorando. E suas tarefas ficam prejudicadas pela tensão sofrida. Não vêem a hora de ir buscar seu pimpolho e saber  tim-tim por tim o que fizeram todo o tempo com as “prófi” e os coleguinhas. Esperando ouvir boas notícias: que se ambientaram bem e até nem choraram.
Tenho dó das coitadas e fico lembrando que nada disso acontecia nos tempos idos. As  proles eram numerosas, mas sempre havia umas tias -  as Dindas - que ajudavam a reparar as crianças na própria casa. Morando com a família, ajudavam no banho delas, nas refeições, nos entretenimentos, no dia a dia.
Quando chovia ou fazia frio, nenhuma era retirada de casa pelo pai ou pela mãe quando se dirigiam ao trabalho. Como hoje acontece. Coitadinhas! Saem do berço quentinho e enfrentam as intempéries do tempo. Bem agasalhadas, é verdade. Mas deixando o aconchego do lar para trás.
As avós de hoje, ou são bem moças e ainda trabalham fora – quando os pais são jovens -, ou idosas demais para tomar conta das crianças, no caso de casais que adiaram o nascimento dos filhos. Reumatismos, dores na coluna, os males da idade.... Elas só se prestam para dar carinho, fazer bilu-bilu e organizar os álbuns com fotos de cada etapa dessas vidinhas graciosas.
Lembro as casas cheias do meu tempo. Sobrinhos que se hospedavam ali para estudar e cunhadas solteiras que não tinham nenhuma profissão e eram as madrinhas das crianças. A mãe não ficava sobrecarregada com os cuidados dos pequenos. Sobrava-lhe tempo para cuidar da casa, do marido e curtir a infância dos pequenos. Não se falava em estresse.
Hoje, a família encolheu bastante. Pai, mãe e um filho único, geralmente. Com quem deixá-lo em segurança e conforto? Não esquecendo o carinho... Sobram as escolinhas.
 É preciso marcar entrevistas – parecem até procura de empregos - em que ambas as partes são analisadas meticulosamente. O interesse dos pais em achar o lugar ideal para o seu pequeno ficar, enquanto eles trabalham, e as exigências da própria escolinha que não quer aceitar criança com problemas de saúde ou comportamento que venham prejudicar o ambiente.
Finalmente entrados em acordo, o bebê vai formando seu perfil “novo milênio” que é  bem diferente daquele dos anos passados. Adaptação rápida, novos amores, a “prófi”, a”tia “ e os coleguinhas.  Mas os bracinhos estendidos e o sorriso aberto para os pais que o “recolhem” a cada final de tarde, depois de seus expedientes cumpridos, comprovam que o amor deles é insubstituível. E o seu lar também.

Ah, tias de outrora! Que falta que elas fazem!

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