terça-feira, 9 de maio de 2017

QUANDO EU GOSTAVA DAS SEGUNDAS





Eu gostava das segundas-feiras. Ver a cidade animar-se, abrirem-se as lojas, e poder contar com os serviços essenciais. Consultórios médicos, dentários, repartições, delegacias,  tudo funcionando. Ver as pessoas nas ruas – ao contrário dos domingos parecendo cidade-fantasma - reaparecerem depois de seus descansos no campo ou em balneários...
É verdade que isso ainda funciona. Mas ligar o rádio e ouvir as primeiras notícias do último fim de semana faz a gente tremer. Aumentam escandalosamente os números de mortes violentas - no trânsito até diminuiu de uns tempos para cá – mas os homicídios e latrocínios no Estado superam as estatísticas dos países orientais que estão em guerra. Se no Teerã noticiam dezessete mortes, aqui nos jornais aparecem trinta e cinco ou quarenta. E o medo de identificar algum nome bem conhecido entre as vítimas! Haja calmantes nas farmácias.
Mas nas primeiras horas é preciso atender às mensagens do celular. De gente querida desejando-nos um bom dia, querendo saber notícias e às vezes contando piadas para não desaprendermos a rir. São anjos aqui da Terra que não nos deixam desacreditar totalmente da raça humana. Sentem como nós e ainda guardam os princípios que regulam nossas vidas.
Com eles formamos um grupo cada vez mais unido e nos desejamos mutuamente toda a felicidade do mundo.
Neste verão, muitos desses anjos viajaram para lugares diferentes: um casal da terceira geração da família preferiu esquiar no Colorado, USA. Uma das nossas jovens foi para a Austrália em viagem de estudos; outra visitou parentes em S. Paulo; os mais maduros com suas crianças foram para praias daqui e de Santa Catarina. Uma amiga foi visitar a filha no Rio de Janeiro. Outros mudaram-se para uma casa e estão oferecendo a piscina para o nosso refrigério. As fotos daqui e dali nos levaram até eles.
Tudo que acontece nesse grupo é transmitido diariamente. Assim, ficamos sabendo de aniversários, e mandamos nossos votos de felicidade; de doenças, e são muitos os desejos de rápida recuperação, e correntes de orações.
Na família, costumamos dizer: há sempre alguém de aniversário, outro em apuros – de dinheiro ou amorosos –; ou sumido, seu telefone não atende há duas horas; ou doente.
Outro dia fui eu que causei o susto. Era domingo, tirei o auto da garagem e dei uma carona para uma vizinha. Ela me convenceu a chegar bem rapidinho numa feira de roupas que estava na cidade. Ficava numa rua atrás da Pinheiro Machado. A tal chegadinha durou hora e meia. Minhas manas me telefonavam, e nada de mim. Sobrinhos saíram a campo. Alguém lembrou: ela adora velório, deve estar numa Funerária. Imaginem, quem é que vai gostar? .Nenhuma estava aberta.
Quando consegui telefonar para uma delas, pois na Feira não dava para ouvir nada, foi muito telefone levando a notícia.
Naquela segunda-feira eu fui a notícia no grupo da whatsappe. Piadas não faltaram. E muito engraçadas.


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