domingo, 11 de março de 2012

A PRAIA SEM VAIDADES


Março de águas claras e ondas espumantes ainda mornas do verão. É o tempo ideal para os “coroas” curtirem sua temporada de praia, depois que filhos e netos retornam a suas atividades do ano na cidade. De terno, gravata, saia ou vestido e confusões de trânsito. Pobrezinhos!
Muitos desses veraneios fora de estação são patrocinados por parentes ou amigos que lhes cedem as chaves de seu imóvel no litoral. Vale mais que um hotel cinco estrelas. Fica-se com toda a comodidade de um lar, sem grandes despesas. Queridos filhos ou irmãos, ou amigos, que assim compartilham o seu prazer conosco nesse contato com o mar.
Em março tudo é calmo, quase vazio na orla, e a gente se sente dona dessa cidade fantasma que tem a beleza do mar todinho ao nosso inteiro dispor, tão grande, tão sem fim como as nossas lembranças de épocas da vida que passou.
É preciso ficar atento, pois naqueles passantes de meia idade pode-se reconhecer algum amigo, uma colega especial de nossos anos dourados. Aí, então, a temporada atinge o seu clímax.
O tempo é curto, e as conversas apenas deixam entrever pedaços de nossa vida compartilhada tantos anos atrás. Depois, é só ficar contemplando o mar, cantarolando baixinho o “Céu cor de Rosa”, que as imagens vão surgindo nítidas como um filme em tela grande. E as ondas que vêm e que vão representam os sonhos que sonhamos – alguns realizados, outros ainda por serem sonhados pelos filhos, netos, essa geração sempre nova que não deixa a vida acabar.
O bom dessa temporada é que não precisamos dividir o espaço com a turma barulhenta do verão. Nem encolher-nos para dar passagem às jovens esculturais em seus biquínis revelando as curvas perfeitas no corpo bronzeado. Deixamos de querer disfarçar nossas gordurinhas a mais, a barriga antiestética que deforma o perfil em qualquer roupa que se vista. Nada disso importa quando encontramos nossos velhos amigos. Vemo-nos, então, com os olhos da saudade, e apreciamos mais do que antes seu sorriso franco, o gesto carinhoso, as expressões que ainda usamos em nossas conversas e que fazem rir a gente jovem da família, porque já saíram de moda. (“ Que é baratilho, vó?”) Nessa temporada de praia podemos deixar que elas venham à tona, ninguém vai reparar, somos da mesma geração.
Ah, mergulhos no mar de outono! Eles “lavam a alma” da gente. E o melhor de tudo é que nos dão mais entusiasmo para enfrentar o que nos espera no ano que agora é que começa. IPTU, Imposto de Renda, essas coisas e outras que nem imaginamos...

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