Ali ninguém parece ter pressa. Afinal, o que há mais para fazer?!
A fila dos aposentados segue lenta e calma. Conversas em tom moderado,
assuntos sobre doenças, remédios, falecimentos. De vez em quando um velhinho de
bom humor conta uma piada inocente. Todos à volta se animam.
De tempos em tempos eles têm de ir ao Posto do INSS para provar que estão
vivos. E cumprem essa exigência com boa vontade. Afinal, é seu interesse
defender sua galinha de ovos de ouro – a Previdência Social – contra os “
fantasmas” que querem lesá-la.
Outras preocupações ficam do lado de fora, com os “menores” de sessenta
anos. E que preocupações!
Comerciantes abalados com o pouco movimento nas vendas. Funcionários
atentos à criação da famosa política salarial que não sai do papel, mas
promete...
Os chefes de família assalariados não sabem mais onde economizar para as
emergências. O cesto básico está subindo sempre.
As mães volta e meia entram em pânico com os perigos rondando seus filhos
adolescentes. Agora, no início do verão, praia, festas, carnaval, ainda é pior!
O buraco na camada de ozônio aumentando sempre. Erros médicos ou
negligência de enfermeiros em hospitais ocupando as manchetes.
O fim do mundo sendo anunciado e com data marcada.
Os velhinhos, na fila, não se espantam mais. Já passaram por outras
crises, quando o mundo então parecia que ia acabar. E aí estão seus netos e
bisnetos dando prova de que a vida continua.
Para os da “fila sem pressa”, cada dia é uma dádiva a mais na sua
sobrevida. O importante é viver com toda a intensidade o presente, sem
saudosismos pelo que passou ou o temor do que virá amanhã.
Por isso, enquanto o quarentão se apavora com as notícias dos jornais, o
idoso observa emocionado a chegada da primeira cigarra deste verão...
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