Dia de Finados. Cada
ano o mesmo reencontro com pessoas de nosso passado que retornam à terra para
homenagear seus mortos. Sempre aquele vento norte que prenuncia chuva,
trazendo consigo as lembranças dos que
partiram. Há um silêncio reverente, as conversas são a meia voz, as lágrimas
contidas, os sorrisos discretos, enfim, o dia é dos mortos, e a eles toda a
consideração...
O relógio da vida
parece que retrocede, depois que assimilamos o impacto de rever os estragos que
o tempo causou aos nossos conhecidos que não víamos há pelo menos um ano, e que
eles também devem ter notado em nós,... Pois, ao fim da entrevista, voltamos a
ver nessas pessoas aquilo que elas foram nos anos de nossa antiga convivência.
São os mesmos jovens do tempo em que ainda estávamos decidindo o futuro, o
emprego, o casamento, para onde ir e morar. Agora eles falam de filhos, netos e
até bisnetos, porque a vida não para de acontecer...
Alguém chora e se
confessa arrependido por uma escolha mal feita contrariando os conselhos dos
pais. Agora essa pessoa entende, com a experiência que a vida lhe deu, como os
jovens poderiam evitar desgostos se ouvissem a palavra de seus velhos. Mas cada
um tem o direito de errar por sua própria cabeça e só aprende depois do “leite derramado.”
Por isso as orações pelos mortos, no Dia de Finados, são um misto de saudade e
de pedido de perdão... Como eles sofreram, coitadinhos, com nossos erros e
tropeços!
Mas há também
instantes de doce ternura e paz, quando
podemos recordar, sem culpa, a convivência que tivemos a felicidade de
gozar com nossos queridos que já partiram desta vida. São os momentos inesquecíveis
de partilha e mútuo afeto que fazemos questão de lembrar, pois enquanto
permanecerem em nossa memória e em nosso coração, todos eles estarão vivos,
porque o amor é mais forte do que a morte.
Dia de Finados - dia
de saudade dos mortos e de reencontro com os vivos e conosco mesmos, numa
reflexão calma e ponderada sobre a vida e seus caminhos...
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