Família – é lá que tudo começa. De um ato de amor e muita coragem, ela se
forma um dia, primeiro a dois, meio perdidos no “enfim sós”. Largando pai, mãe,
irmãos, a estabilidade de um lar de muitos anos, para lançar-se à aventura de
constituir o “seu” lar!
Família, um ninho de amor para o bebê que desabrocha; o lugar seguro para
onde voltam as crianças maiores de seus folguedos ou da escola; uma prisão para
o adolescente que se rebela contra as ordens das horas de acordar, fazer as
refeições, os deveres e de voltar a casa, entre outras exigências mais graves.
O campo de batalha onde a mãe organiza e executa a economia doméstica, enquanto
cuida do bebê, acalma as brigas entre irmãos, acolhe o marido cansado, queixoso
dos gastos, que o salário não dá, estão gastando demais... Mas os chinelos e o
chimarrão prontinhos à espera acalmam seu ânimo, e o cheirinho de cebola
fritando no fogão dá esperanças de um gostoso jantar.
Depois da fome aplacada, a hora do cochilo gostoso na frente da televisão
assistindo ao noticiário da noite, enquanto as crianças, uma a uma, se rendem
ao sono.
Esse é o esquema ideal da família. Mas não é nem de longe a regra hoje em dia. Agora , mães que
trabalham fora não aplacam as rixas entre Caim e Abel. Cansadas ao voltar do
trabalho, quem lhes alcança os chinelos? É só reclamação, falta botão na
camisa, vizinhos se queixam de suas crianças, o pequenino não se dá bem na
creche...
No entanto, ainda é um lar. Onde o cheirinho de pão quente temperado de
erva doce, a cera do assoalho, as frituras, o sabão, fazem uma mistura de
aromas que cada família tem diferente. É sua marca. E chegar à porta de entrada,
logo vem a sensação de estar em casa, entre os seus.
A família não se resume a isso. Há também os primos, tios, avós, padrinhos,
todos presentes nos aniversários e casamentos. E nos enterros. Às vezes nos
veraneios.
Primos que são amigos ou adversários. Tias queridas que dão mimos
especiais a seus favoritos. É tão bom cair em suas boas graças! Os avós
desculpando as faltas dos netos e salvando-os de prováveis castigos.
Vivências que guardamos para a
vida toda.
Quem não teve uma família, perdeu metade ou mais de sua existência. Não
chegou a entender e valorizar a própria vida, quanto mais a dos outros.
Quem sabe daí vem o aumento da violência, a formação de gangues não só
nas classes pobres, mas entre os jovens moradores das grandes mansões. Onde um
pai muito ocupado com os negócios, a mãe entretida nas suas atividades sociais
- quase sempre estão ausentes.
A família neste milênio está em crise. Os
pais, em seu segundo ou terceiro casamento, os filhos visitando-os nos fins de
semana, procurando ajustar-se com padrastos, madrastas, meios irmãos.
Para que se encontre o remédio que
torne cada lar igual à figura do Almanaque com a propaganda do xarope Bromil –
de um lado várias casinhas explodindo de tanta tosse. De outro, as mesmas
casinhas apaziguadas, na santa paz de crianças e adultos dormindo. Com a
segurança que só o amor compartilhado pode trazer.
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