Na manhã clara, sem vento, apenas o sol era presença na rua, além de uns
cachorros mal amados farejando o lixo das sarjetas, na falta de melhor
programa.
Eis que tenho o privilégio de assistir ao exato momento de uma folha
cair, desprendendo-se do ramo. Eu e um beija-flor que, de susto, voou de ré e
foi explorar outra folhagem mais densa.
Passou por mim um idoso de bengala e não respondeu a meu cumprimento.
Pensei: será que estou invisível? Talvez
o coitado não enxergue bem. Mas onde foram parar os moradores da cidade? Uma
bomba exterminadora teria explodido terminando com a vida no planeta, e só eu e
aquele velhinho...Ah, esses filmes de ficção científica mexem com a cabeça da
gente!
Entretanto, no espaço de meia hora, calculei, nenhum automóvel andando na
rua. Nem caminhão, ônibus ou qualquer veículo... ou pessoa.
Com saudade de gente e da vida passada, entrei numa loja, onde a
proprietária esperava solícita o primeiro freguês do dia. Perguntei por lãs,
linhas e uns tecidos de bordar da minha juventude, que não vejo há tempos!
Mesmo que os encontrasse, o que fazer com eles, se em vez das antigas
habilidades, agora só uso o computador?
Na televisão da loja, as notícias do dia: ônibus incendiados em Santa
Catarina , linhas da
noite suspensas, e o povo sofrendo por falta de transporte e do medo das ruas.
Quando chegarão até nós os vandalismos de nossos vizinhos? Primeiro foi em São Paulo !...
Catarina
Por ora, respiro aliviada ..
Enquanto meus conterrâneos aproveitam o pré feriado para ficarem em casa, o ar
é só meu, a calma das ruas e os espaços também.
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