segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Vovó e os passarinhos


                                                           
Homenagem à tia Neusa por um ano de saudade
         

         Dona  Flor teve uma alegre surpresa pela manhã.
         -Estou ouvindo o canto dos passarinhos, disse ao bisnetinho.
         O aparelho de surdez colocado há uma semana começara a surtir seus efeitos.
         Desde então, mostrou-se mais feliz, participando das conversas e entendendo melhor os enredos das novelas na TV.
         - Que bom, mãe, agora a Bisa me ouve e responde às minhas perguntas, disse Zezinho, o mimoso da casa.
         Mas no outro dia Dona Flor pareceu preocupada.  Olhava seguido pela janela de seu quarto, até que desabafou:
         - Aquele casal de pardais que estava fazendo o ninho no telhado da vizinha agora sumiu. Não ouço mais o seu canto.
         O mistério foi logo desfeito, para tristeza da vovozinha.
         Foi quando a faxineira a chamou da porta da sala para ver uma cena na calçada.
         - O que é aquilo que o cachorrinho persegue? Parece que se mexe, e ele se assusta e foge.
         - É um passarinho que a gata da casa ao lado caçou no pulo. Que gata danada, disse a moça, sorrindo.
         Dona Flor não achou nada engraçado.
         Dias depois ela passou a ver um único passarinho perto do que seria o seu doce lar. Coitadinho, pensou, e ficou triste também.
         Porém sua alegria voltou quando certa manhã tornou a ouvir animados   gorjeios. O passarinho não estava mais só. O novo casal  empenhava-se com entusiasmo na construção do ninho até então inacabado.
         Semanas depois Dona Flor  despertou com novos ruídos. Vinham do ninho dos pardais que se enriquecera com três filhotinhos. Dava gosto ver o casal revoando em torno, cada qual mais entusiasmado.
         Zezinho ao sair para a escola foi beijar a “bisa” e a encontrou  sorridente à janela observando o movimento do novo ninho. Onde a alegria voltou para ficar.

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