domingo, 26 de fevereiro de 2012

TARDES DE JANEIRO


Janeiro passou pisando de leve. Muitíssimo calor, falta de chuva, de sombra, de vagalumes. Onde foram parar essas lanterninhas vivas das noites de verão?
É quando a gente percebe que o mundo aos poucos não é mais o mesmo. Ou os pirilampos estão em extinção. Quem sabe é porque a iluminação das ruas ficou mais clara, e a luzinha deles e seu pisca pisca nem se percebem.
A chuva fez muita saudade. Há tempos não ouço mais o coaxar dos sapos deliciando-se nas poças d´água depois dos assustadores relâmpagos e trovões das madrugadas de outrora. Quando eles começavam seu coro, era sinal de que o perigo passara. Aí ficava só a chuva.
Não sei para onde foram tantas coisas que não aparecem mais, e só de repente a gente se dá conta.
As tardes quentes são longas, as ruas não convidam a sair. E na casa o vazio dos filhos que vão embora, tudo nos seus lugares, ninguém para desarrumar. Ah, quem dera um netinho...
É incrível o que uma mulher consegue fazer nesses momentos com apenas um novelo de linha e uma agulha de crochê. Nossas tias e avós nunca ficavam de mãos ociosas, e o resultado valia a pena ver, a casa ficava toda enfeitada de guardanapos, cortinas, almofadas.
Hoje há outras prioridades que nos ocupam. Chamar encanadores, eletricistas, afinal o conforto da casa tem que ser assegurado.
Mas o bom do verão é deitar numa rede, à sombra de um copado cinamomo, e ler um romance policial cheio de suspense. Só no final se fica sabendo quem é o bandido, devidamente castigado. Quem dera a realidade fosse sempre essa. Mas, justiça seja feita, nosso aparato policial está evoluindo e tentando competir com a engenhosidade e agressividade dos criminosos. Muitas vezes com sucesso, graças a Deus.

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